A “reforma” trabalhista, marca do governo Temer, fez emergir um novo perfil profissional, que estudiosos do mundo do trabalho estão chamando de “infoproletários”. Nesta nova categoria estão motoristas e motoboys por aplicativos, operadores de telemarketing e alguns setores bancários, entre outros. Criados a partir da perda de direitos, o cotidiano desses trabalhadores mostra a face precária do empreendedorismo, como ressaltam especialistas, em seminário realizado nesta segunda-feira (1º) em São Paulo.
Promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, o evento debateu a informalidade imposta a esses profissionais. À repórter Martha Raquel, do Seu Jornal, da TVT, a socióloga especialista na questão trabalhista Lucia Praun explica que o surgimento dos “infoproletários” resulta do desenvolvimento das tecnologias associado ao que considera como um profundo processo de precarização. “Contratos extremamente flexíveis, baixos salários, péssimas condições de trabalho, é a degradação dos direitos”, afirma Lucia.
Como exemplo do avanço da informalidade, causada pela “reforma” trabalhista, a presidenta do Sindicato dos Bancários, Ivone Silva, cita os motoristas de carros por aplicativos. De acordo com Ivone, é preciso que esses trabalhadores entendam seu papel na sociedade para que possam se organizar contra a precarização. “Você tem que trabalhar muitas vezes, de 18 a 20 horas por dia, para garantir o mínimo de sustento à sua família. E toda a manutenção do seu carro é você que faz, (os custos do) combustível, tudo é seu. E você nem pode negociar direto com o cliente o valor e, muitas vezes, a tarifa é mínima e você ainda dá uma parte disso para o aplicativo”, analisa a dirigente.
Fonte: RBA
Data original da publicação: 02/07/2019