Apesar da onda pró-flexibilidade, 56% dos autônomos preferem CLT, diz pesquisa

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Fotografia: Paulo Pinto/Fotos Públicas

O mercado de trabalho brasileiro enfrenta situações que, num primeiro momento, podem parecer paradoxais, mas que, na verdade, refletem a forma como milhões de brasileiros procuram lidar com dois dos maiores problemas enfrentados pela classe trabalhadora: a precarização e os baixos salários.

Pesquisa feita pela empresa Randstad e divulgada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (10) indica que 44% dos jovens com menos de 30 anos priorizam ter mais flexibilidade; 37%, o crescimento pessoal; e 35%, um salário adequado.

Outra medição, realizada recentemente pelo Datafolha apontou que 59% dos brasileiros preferiam trabalhar por conta própria, número que vai a 68% entre os mais jovens (16 a 24 anos).

No entanto, parte de um levantamento feito pela Vox Populi e encomendado pela CUT, CTB e demais centrais sindicais, também divulgada nesta semana, aponta que 56% dos que se declaram autônomos e já foram celetistas afirmam que, com certeza, gostariam de voltar a ter sua carteira assinada.

A pesquisa foi desdobrada em vários eixos, para sistematização e análise em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com o objetivo de captar e entender o cenário real da classe trabalhadora e do mundo do trabalho atual.

Cenário precário

Considerando os indicadores trazidos por esses levantamentos — e mesmo levando em conta o fato de que as diferenças etárias podem pesar sobre as escolhas —, o fato é que os brasileiros em idade produtiva se vêem, em geral, obrigados a se encaixar no que for menos danoso dentro de um quadro geral adverso, resultante do processo de precarização do trabalho nas últimas décadas.

Tal processo abrange desde questões como o avanço tecnológico — inclusive a explosão dos aplicativos de serviços como os de entrega e os de transporte — até os efeitos da reforma trabalhista de 2017 e das terceirizações, que ajudaram o patronato e prejudicaram a classe trabalhadora.

Assim, mesmo em meio a um cenário de economia aquecida e baixa desocupação, o fato é que a qualidade do emprego oferecido pela maioria dos empresários ainda está muito aquém das necessidades e expectativas da população.

Fonte: Vermelho
Texto: Priscila Lobregatte
Data original da publicação: 11/11/2025


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