22 de abril de 1906: ocorre a sessão final do 1º Congresso Operário Brasileiro, tentativa pioneira de congregar os movimentos de trabalhadores no Brasil

Há 117 anos, ocorria a sessão final do 1º Congresso Operário Brasileiro, tentativa pioneira de congregar os movimentos de trabalhadores no Brasil.

Delegados do 1º Congresso Operário Brasileiro, realizado no Rio de Janeiro em 1906. Fotografia: Jornal O Malho/Wikimedia Commons

Igor Natusch

A realização do primeiro congresso de trabalhadores de abrangência nacional, em 1906, tornou-se possível em um contexto que mesclava a expansão econômica da jovem República brasileira com a demanda crescente dos trabalhadores por melhores condições profissionais e de vida. Incentivadas pelos movimentos grevistas da virada para o século 20, uma série de fraternidades e organizações operárias começaram a surgir nos centros urbanos do Brasil, com destaque para as Federações Operárias do Rio de Janeiro (FORJ) e de São Paulo (FOSP), ambas de inclinação anarquista e fundadas em 1905. Em paralelo, uma vibrante imprensa operária surgia, com inúmeros jornais e semanários circulando nas principais capitais.

Diante da eclosão de tantas células de resistência dos trabalhadores, bem como da miríade de reivindicações associadas a esses grupos, crescia a necessidade de organizar formas de ação coletiva. Tentativas nesse sentido aconteciam desde os anos 1890, mas  apenas em 1906 um evento conseguiu reunir, de forma efetiva, as principais correntes do nascente sindicalismo brasileiro. Com oito dias de duração, o 1º Congresso Operário Brasileiro ocorreu no Centro Galego, no centro do Rio de Janeiro, e chegou ao fim em 22 de abril daquele. Originalmente concebido como uma reunião de pensadores e militantes socialistas, o encontro acabou incorporando também diferentes movimentos revolucionários – em especial os de inclinação anarquista, de forte influência nas associações de trabalhadores de então. Ao todo, participaram do encontro 43 delegados, representando 28 organizações operárias do país.

Entre as várias resoluções do encontro, estava a mobilização pela jornada de oito horas diárias e a separação entre a luta política e a atividade sindical, a partir da opção pelo aspecto econômico da ação operária. Também foi aprovada a adoção de princípios como a ação direta, a promoção de greve geral e a rejeição ao assistencialismo, além de posicionamentos contra a exploração do trabalho feminino e a favor do surgimento de sindicatos rurais. Outro desdobramento foi a decisão pela criação de uma central sindical (a Confederação Operária Brasileira, que passaria a existir de fato em 1908) e um jornal (“A Voz do Trabalhador”, que circulou entre 1908 e 1915).

Os primeiros desdobramentos práticos do Congresso foram a promoção de uma série de comícios em 1º de maio daquele ano, bem como várias greves que demandavam a redução da jornada de trabalho, culminando com uma greve geral em maio de 1907. Contudo, a forte repressão governamental que se seguiu, coincidindo com um declínio na atividade produtiva brasileira no final daquela década, esfriou um pouco os ânimos no movimento operário de então, com vários núcleos restando inativos nos anos seguintes. Os esforços de organização ampla só seriam retomados a partir do 2º Congresso Operário Brasileiro, em 1912.

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