Subjetividade e empatia no trabalho do cuidado

Claudia Daiane Trentin Lampert
Silvana Alba Scortegagna

Fonte: Farol: Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 2, n. 5, p. 729-758, dez. 2015.

Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar a subjetividade e a empatia nas motivações para o trabalho e ações de cuidado. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 cuidadoras formais, com idades entre 32 a 61 anos de idade, média de 46,9 anos (DP = 8,4), procedentes de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), filantrópicas e privadas, localizadas no estado do Rio Grande do Sul/RS. Os conteúdos trazidos pelas entrevistadas foram analisados com base no referencial teórico da psicodinâmica do trabalho. Os resultados obtidos indicaram que as percepções sobre as motivações para o ingresso nesta ocupação e as ações de cuidado em ILPI evidenciam a subjetividade e a empatia como parte essencial do real do trabalho do cuidado.

Sumário: Introdução | O real (o invisível) e a subjetividade no trabalho do cuidado |
Empatia e trabalho do cuidado | Metodologia | Motivações para o trabalho do cuidado | Percepções sobre as ações pertinentes ao trabalho do cuidado | Discussão | Considerações finais | Referências

Introdução

O trabalho constitui um dos alicerces na constituição do sujeito e no seu desenvolvimento. As premissas da psicodinâmica do trabalho mostram que a identidade é construída e desenvolvida ao longo da vida, na interação com o outro, e na relação intersubjetiva na qual o trabalho é um elemento indissociável (LANCMAN, 2008; SZNELWAR; UCHIDA; LANCMAN, 2011).

Como parte fundamental na identidade do sujeito, todo o trabalho implica uma mobilização humana que se apresenta nos gestos, no saber-fazer, no engajamento da inteligência e na capacidade de refletir, interpretar e reagir frente às situações. Por meio do sentir, pensar e inventar no trabalho é que este envolve a personalidade do sujeito por completo, e revela-se um espaço para a manifestação da vida, da identidade construída, estando intrinsecamente relacionado ao reconhecimento da subjetividade presente (DEJOURS, 2004; LANCMAN, 2008).

Dejours (2008) postula que para conhecer os motivos que levam os indivíduos a se engajarem no trabalho e como organizam seu comportamento diante das situações, é necessário compreender a mobilização pela subjetividade, que exprime o modo como o indivíduo constrói sua rede de significados e vivencia a experiência laborativa. Para a psicodinâmica do trabalho, um dos pontos fundamentais está na concepção de que uma ação só pode ser qualificada coerente se considerar que toda atividade de trabalho provém da subjetividade, das relações intersubjetivas entre sujeito e trabalho (DUARTE; MENDES, 2015; MERLO; MENDES, 2009), da mobilização de afetos, da inteligência e, das habilidades empáticas.

A partir dos pressupostos da psicodinâmica do trabalho, este estudo objetivou investigar a subjetividade e a empatia nas motivações para o trabalho, tendo como foco o exercício das funções cuidativas. Para tanto, a partir da introdução, o artigo está estruturado em quatro seções. A primeira seção discute sobre o real e a subjetividade no trabalho do cuidado. A segunda seção discorre sobre a empatia e o trabalho do cuidado. Na terceira seção são apresentados os procedimentos metodológicos adotados na investigação empírica. Na quarta seção são exibidos e analisados os dados da pesquisa e na sequência, são apresentadas as considerações finais.

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Claudia Daiane Trentin Lampert é Mestre em Envelhecimento Humano pela Universidade de Passo Fundo. Professora do ensino superior no Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai.

Silvana Alba Scortegagna é Doutora em Psicologia pela Universidade São Francisco. Professora Titular da Universidade de Passo Fundo.

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