A comissão especial na Câmara que trata do financiamento da atividade sindical espera votar um projeto de lei até o dia 15 do mês que vem, mantendo a contribuição (imposto) sindical e criando uma contribuição fixada em 1% da remuneração anual do trabalhador, aprovada em assembleia e descontada de toda a base, inclusive não sócios. A proposta prevê ainda a criação de um Conselho de Autorregulação Sindical, para dirimir conflitos.
O texto está sendo negociado entre centrais, confederações patronais e o Ministério Público. O Conselho, órgão não governamental, seria instalado pelas centrais “para atuar na normatização de ações e fixação de regras quanto a eleições democráticas, mandato, transparência da gestão, prestação de contas e outras que digam respeito à organização sindical”.
O relator na comissão especial, deputado Adalberto Souza Galvão, o Bebeto (PSB-BA), dirigente da Força Sindical, diz que o objetivo é buscar um texto, se não de consenso, ao menos majoritário, para que o projeto avance na Câmara. Na negociação com o MP, uma fórmula encontrada foi permitir que não sócios também possam participar de eleições sindicais, como eleitores, à medida que também passem a contribuir para manutenção da entidade – o chamado direito eleitoral ativo. Hoje, um dos empecilhos na cobrança dessa taxa é justamente o fato de não sócios serem incluídos, o que o Ministério Público considera uma violação do princípio de livre associação.
“A gente tem de aceitar para sair desse imbróglio”, afirmou o presidente da Força e da comissão especial, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP). “Outra coisa importante é que mantém a unicidade sindical”, acrescenta o parlamentar, para quem o projeto resolve o problema “por uns 100 anos”, regulamentando o movimento sindical. Um dos líderes do impeachment, ele tenta formar um bloco atualmente com 14 partidos e com aproximadamente 300 deputados. Paulinho tenta atrair o PSB – Bebeto, também da Força, foi contra o impeachment –, o que aumentaria o bloco para 340 parlamentares.
Em relação ao imposto sindical, correspondente a um dia de trabalho e recolhido uma vez por ano – em março para assalariados, em janeiro para empresas –, ainda se discute uma possível redistribuição de recursos no caso de ausência de uma das entidades sindicais. Atualmente, 60% desse imposto vai para sindicatos, 15% para federações, 5% para confederações, 10% para centrais e 10% para o governo. Em 2015, a contribuição sindical urbana somou aproximadamente R$ 3,3 bilhões, incluindo entidades de trabalhadores e de empresários.
No caso de uma contribuição assistencial, a ser aprovada em assembleia e válida também para servidores públicos, 80% iria para os sindicatos e 20% seria distribuído igualmente entre federações, confederações, centrais e para o futuro Conselho de Autorregulação (5% cada). O direito de oposição poderia ser exercido na própria assembleia, com salvaguarda para casos de auxílio-doença ou férias.
A expectativa é de tentar fechar o texto até o final da próxima semana, para então organizar uma reunião com centrais e confederações empresariais na primeira semana de junho. O calendário proposto prevê votação na comissão até o dia 10 e em plenário na semana seguinte.
Fonte: Rede Brasil Atual
Texto: Vitor Nuzzi
Data original da publicação: 20/05/2016