A Oxfam divulgou na quinta-feira (09/09) o relatório “Europa para a maioria e não para as elites” (o relatório pode ser acessado aqui em inglês e aqui em espanhol).
Na UE, 123 milhões de pessoas estão em risco de pobreza ou exclusão social – um quarto da população – e 50 milhões de pessoas têm “severas privações materiais, pois não têm dinheiro suficiente para pagar o aquecimento das suas casas ou para enfrentarem gastos imprevistos”, salienta o relatório.
O documento sublinha que “entre 2009 e 2013, nos 27 países da UE, 7,5 milhões de pessoas passaram a fazer parte da população que vive com severas privações materiais, registrando-se um aumento em 19 países”. O relatório refere também que o desemprego continua a ser muito elevado em muitos países e que mesmo as pessoas que estão empregadas viram os seus rendimentos estagnar ou até serem reduzidos e destaca que as mulheres, os jovens e os imigrantes são as camadas sociais com maiores riscos de viver na pobreza.
Pobreza na UE “não é um problema de escassez”
A Oxfam realça que a pobreza na UE “não é um problema de escassez, mas de distribuição de recursos (rendimento e riqueza)” e, citando dados do Credit Suisse, aponta que o 1% mais rico da Europa (incluindo os países que não pertencem à UE) “possui quase um terço da riqueza do continente, enquanto que os 40% mais pobres” têm menos de 1% da riqueza total do continente. “Os sete milhões de pessoas mais ricas da Europa possuem a mesma riqueza do que os 662 milhões mais pobres” (incluindo os países que não pertencem à UE).
Fatores que agravam a desigualdade e a pobreza na UE
O relatório aponta três fatores que agravam a desigualdade e a pobreza na UE:
1. Os ricos, as grandes empresas e os lóbis “sequestraram os processos de tomada de decisão política” para favorecerem os seus interesses em detrimento da maioria da população.
2. As políticas de austeridade estão a ter um “grave impacto” nas sociedades europeias e lançaram a responsabilidade da redução do défice público “inteiramente na população mais pobre e vulnerável”.
3. Injustos sistemas fiscais que “não só não corrigem as desigualdades de rendimento como, o que é pior, estão a agravar a desigualdade”.
A Oxfam salienta que os sistemas fiscais “tendem sistematicamente a penalizar em maior medida o trabalho e o consumo do que o capital” e permitem que as pessoas com rendimentos mais elevados, os ricos e as empresas mais lucrativas “contornem as suas obrigações fiscais”.
“A fraude e a evasão fiscal na UE ascende a um bilião [milhão de milhão] de euros anuais, um montante que permitiria duplicar o investimento total em saúde pública nos países da UE”, destaca a Oxfam.
Quatro recomendações para combater a pobreza e o agravamento da desigualdade
O relatório aponta quatro recomendações para “garantir maiores níveis de igualdade e desenvolvimento para a cidadania”:
1. “Fortalecer a democracia institucional”, para fomentar a participação cidadã, “especialmente na elaboração de orçamentos e na atribuição dos recursos”.
2. “Reinvestir nos serviços públicos”, nomeadamente garantindo que “os cuidados de saúde e a educação sejam gratuitos, públicos e universais para todas as pessoas”.
3. “Empregos e salários dignos”, nomeadamente garantindo que o emprego esteja “ligado aos sistemas de proteção social”.
4. Justiça fiscal, nomeadamente promovendo “sistemas fiscais nacionais progressivos em toda a Europa”
Fonte: Esquerda.Net
Data original da publicação: 10/09/2015