José Dari Krein
Hugo Dias
Fonte: Revista Ciências do Trabalho, São Paulo, n. 8, ago. 2017.
Resumo: O artigo pretende desenvolver um balanço preliminar sobre a situação do sindicalismo brasileiro, entre 2003 e 2013, cuja atuação tem contribuído para a melhoria dos indicadores laborais, mas que se encontra na encruzilhada entre o avanço e fortalecimento da sua pauta corporativa e a necessidade de (re)construir um protagonismo social mais amplo, incorporando as novas demandas colocadas e se aproximando das novas formas de mobilização social. O texto procura fazer um exercício a partir do debate na literatura internacional sobre a revitalização sindical, analisando o sindicalismo a partir de 5 dimensões: institucional/organizativa, filiação/representatividade, econômica, política e societal.
Sumário: Introdução | A geometria desigual da crise e da revitalização sindical | As tendências contraditórias do caso brasileiro | Dimensão institucional e organizativa | Dimensão da filiação e representatividade das entidades sindicais | Dimensão econômica | Dimensão política | Dimensão societal | Considerações finais | Referências bibliográficas
Introdução
O presente artigo tem a finalidade de trazer alguns elementos para a análise da experiência do sindicalismo brasileiro, entre 2003 e 2013, a partir do debate presente na literatura internacional sobre a revitalização sindical. Parte-se da hipótese de que, embora a sua atuação tenha contribuído para a melhoria dos indicadores laborais, este se manteve na encruzilhada entre o avanço e fortalecimento da sua pauta corporativa e a necessidade de (re)construir um protagonismo social mais amplo, incorporando as novas demandas colocadas e se aproximando das novas formas de mobilização social. Noutras palavras, durante o período em causa, é possível constatar a persistência de dinâmicas contraditórias, em que por um lado, diversos indicadores apontam para o fortalecimento da instituição sindicato, enquanto que por outro, este perde força na sociedade brasileira, como principal agente vocalizador de todas as questões relacionadas com o mundo do trabalho e com a classe trabalhadora em sentido amplo.
O texto está estruturado em duas partes. A primeira rastreia, de forma breve, a geometria desigual da crise e da revitalização do sindicalismo e a gênese dos debates sobre a revitalização sindical. Apresenta-se ainda um quadro síntese, retirado da obra coletiva coordenada por Frege e Kelly (2004), em torno das quatro dimensões de revitalização sindical por si identificadas (filiação, institucional, econômica e política), às quais os autores acrescentaram uma quinta dimensão, com a designação de societal.
Por fim, promove-se uma aproximação à situação específica brasileira. Com base no modelo de análise exposto – que permite impulsionar o desenvolvimento de estudos comparados do sindicalismo entre países – desenvolve-se a noção de que, apesar de se terem verificado progressos ao nível das diversas dimensões de revitalização, subsistem sinais de uma crise de projeto na medida em que o sindicalismo brasileiro tem perdido protagonismo social mais amplo no período analisado. São, pois, sobre as dimensões institucional e societal, que recaem dúvidas e incertezas sobre a possibilidade da sua revitalização.
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José Dari Krein é professor do Instituto de Economia da UNICAMP e pesquisador do CESIT/IE.
Hugo Dias é professor do Instituto de Economia da UNICAMP e pesquisador do CESIT/IE.