O sindicalismo e os desafios presentes da classe trabalhadora: DMT participa de mesa redonda no XVII Encontro Nacional da ABET

Mesa redonda Sindicalismo e Mudanças no Mundo do Trabalho no XVII Encontro Nacional da ABET. Imagem: Abet/Youtube

por Igor Natusch e Virginia Donoso

A parceria entre o site Democracia e Mundo do Trabalho em Debate – DMT e a Associação Brasileira de Estudos de Trabalho – ABET se consolida na produção de elementos para a reflexão de todos e todas que se propõem a tratar das difíceis questões compreendidas no universo do trabalho.

No começo de agosto, o DMT participou do XVII Encontro Nacional da ABET, coordenando a mesa redonda “Sindicalismo e mudanças no mundo do trabalho”. Com condução de Virginia Donoso, uma das integrantes da coordenação do DMT, a mesa contou com as participações de Álvaro Ruiz (UBA/Argentina), Artur Henrique da Silva Santos (Diretor da Fundação Perseu Abramo) e Clemente Ganz Lúcio (Fórum das Centrais Sindicais).  

Em sua fala inicial, a coordenadora do DMT Raquel Paese mencionou que as transformações no mundo do trabalho são múltiplas e que, nos últimos 15 anos, mais de 140 países promoveram reformas trabalhistas, comprometendo conquistas históricas da classe trabalhadora e da sociedade como um todo. “Quase todas as reformas visaram ao esvaziamento da capacidade de ação coletiva dos sindicatos, buscando reduzir seu poder de representação institucional e sua legitimidade social e comprometer sua credibilidade junto aos trabalhadores”, acentuou. No Brasil, a reforma de 2017 foi um verdadeiro desmonte do sistema de proteção do trabalho vigente e colocou as entidades sindicais em uma situação de lutar pela própria sobrevivência – não apenas em termos de sustentação e manutenção de suas atividades, mas também em sua capacidade de atuar contra a precarização generalizada em curso. Para enfrentar essa realidade, é preciso “uma ação renovada, criativa e efetivamente mobilizadora por parte dos sindicatos”, provocou Raquel.

Em sua fala, Clemente frisou que não basta à estrutura sindical propor-se à resistência para enfrentar a transformação estrutural que está em curso, sendo necessário também desenvolver estratégias de enfrentamento propositivo contra esse processo. Há que se ter capacidade de inovação, disputando um novo padrão regulatório. Também é fundamental, segundo ele, trazer a juventude para o sindicato, para criarem uma nova forma de proteção laboral que inclua a todos.

Essa linha, que se reflete e se amplifica nas falas de Artur Henrique e Álvaro Ruiz, em um debate rico de observações e que sugere diferentes caminhos para que o sindicalismo brasileiro possa não apenas reagir, mas tomar a linha de frente das ações em prol da classe trabalhadora. Para Artur, que também já foi presidente nacional da CUT, um dos maiores desafios diante dos sindicatos é o da representação: “como sindicatos se organizam para representar todos os trabalhadores?”. Com base nos dados do IBGE, ele destaca que 70 milhões dos brasileiros estão fora do mercado de trabalho e que o movimento sindical não representa a maioria da classe trabalhadora. Como mudarmos esses dados no contexto atual onde o Brasil passa por múltiplas crises, a econômica, a sanitária, a ambiental e a política e todas elas contribuem para a precarização do mercado de trabalho.

O professor argentino Álvaro Ruiz, também assessor sindical, faz um resgate do avanço do neoliberalismo, da financeirização da economia e da globalização como responsáveis pelas profundas mudanças nas relações no mundo do trabalho. Em sua fala, destaca que hoje vivemos um grande retrocesso, no qual a premissa neoliberal é de que a força de trabalho deve adaptar-se às mudanças impostas pela maximização do lucro das empresas, implicando aos sindicatos a redução das suas ações.

Até o dia 10 de setembro, o XVII Encontro Nacional da ABET trará uma série de debates sobre diferentes aspectos do mundo do trabalho, a partir do tema central “Crise e horizontes do trabalho a partir da periferia”. A programação completa pode ser conferida no site da ABET, e a íntegra de todas as mesas estará disponível para acesso livre no canal da Associação na plataforma YouTube.

A seguir, confira a mesa “Sindicalismo e mudanças no mundo do trabalho”.

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