Ao encerrar o encontro organizado pela ONU e intitulado “Mulheres e Poder: Construindo um Mundo diferente”, realizado no último fim de semana em Santiago (Chile), Michelle Bachelet destacou a necessidade de a bandeira da igualdade ser hasteada em todos os países. E, para isso, é preciso redobrar esforços e renovar os compromissos para que a desigualdade de gênero acabe até 2030.
“Estamos propondo os seguintes passos: acelerar processos tangíveis até 2020, alcançar paridade total de gênero, empoderamento da mulher e equidade até 2030, assim como obter paridade de salários entre homens e mulheres”, disse a presidente chilena neste sábado (28/02).
O encontro foi encerrado com a assinatura da Declaração de Santiago, documento no qual estão formuladas exigências concretas com o objetivo de alcançar a igualdade de gêneros no mundo.
Entre as demandas está a substituição de todas as leis que perpetuam a discriminação da mulher, segundo o documento Call for Action (“Chamada para ação”), assinado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; pela diretora da ONU Mulher, Phumzile Mlambo-Ngcuka; e pela presidente Bachelet.
“Agora é o momento de tomarmos uma posição, fecharmos as brechas, superarmos os obstáculos e passarmos das palavras à ação. E não no ano que vem, mas agora mesmo”, disse Ban Ki-moon. “E o motivo é simples: não podemos alcançar todo o potencial mundial excluindo 50% da população do mundo.”
Longo caminho
A luta, no entanto, vem de longa data. Neste ano, a declaração e plataforma de ação de Pequim, estabelecidas na IV Conferência Mundial da Mulher de 1995, completam 20 anos. Para ativistas, este é o momento de analisar como os Estados-membros das Nações Unidas avançaram na implementação de compromissos e quais deles ainda estão pendentes.
Esses avanços e as recomendações do Documento de Santiago serão analisados na próxima sessão da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher, em Nova York, em março.
“Houve progressos ao longo desses 20 anos, mas eles ocorreram de maneira mais lenta do que esperávamos”, ressalta a advogada espanhola Begoña Lasagabaster, diretora interina da Divisão de Políticas da ONU Mulheres.
Apesar de três mulheres ocuparem atualmente o mais alto cargo no Executivo de seus países – Dilma Rousseff, no Brasil; Cristina Kirchner, na Argentina; e Michelle Bachelet, no Chile – não se pode dizer que as condições na América Latina são igualitárias, destaca Lasagabaster. Em comparação com outras regiões do mundo, a porcentagem de mulheres nos Parlamentos e como chefes de Estado pode até ser maior, “mas devemos fazer mais”, diz ela.
Os processos de democratização de países latino-americanos nos últimos 30 anos foram um fator de inclusão de mulheres. Porém, os índices ainda são baixos. Lasagabaster ressalta que é preciso também ampliar os níveis de participação feminina para uma maior diversidade cultural, econômica, de classes e também nos âmbitos rural e indígena.
Fonte: Deutsche Welle
Data original da publicação: 01/03/2015