Um protesto de trabalhadores em Roma reuniu no sábado (25/10) um milhão de pessoas, segundo estimativas da CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho). O ato foi convocado pela entidade para marcar oposição contra a reforma trabalhista “Jobs Act”, proposta pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. Com o slogan “Trabalho, Dignidade e Igualdade para mudar a Itália”, o protesto teve a presença da secretária-geral da CGIL, Susanna Camusso, além de artistas e políticos da própria legenda do primeiro-ministro, o PD (Partido Democrático), que se opõem à reforma.
O ponto central do novo plano trabalhista é o artigo 18 do Estatuto dos Trabalhadores italianos, que estipula a readmissão automática da pessoa que for demitida sem justa causa no país, e se aplica a empresas com mais de 15 dependentes. O governo pretende modificar o artigo sob a justificativa de que ele constitui um freio para a criação de empregos, pois muitas empresas prefeririam manter um quadro de funcionários reduzido de modo a evitar a sujeição à norma. Opositores da flexibilização alegam que o artigo 18 é fundamental e deveria ser modificado para incluir também empresas com menos de 15 funcionários, por entender que a norma é uma proteção contra demissões sem justa causa, especialmente em períodos de crise econômica.
“Os direitos trabalhistas existem para manter em equilíbrio a relação desigual entre patrão e trabalhador. Nossa Constituição diz claramente que o governo deve estar do lado dos mais fracos, não de quem já é forte”, discursou Camusso. “Continuaremos articulando greves, inclusive greves gerais, porque não se sai da crise punindo o trabalho e o tornando mais pobre.” A secretária-geral conclamou o governo a estender direitos a quem não os tem, tutelar o artigo 18 e estabelecer um imposto patrimonial “para criar postos de trabalho imediatos e qualificados”. O líder da Fiom (Federação de Empregados e Operários de Metalúrgicas), Maurizio Landini, também participou da manifestação. “Este protesto demonstra que, com relação às questões econômicas e trabalhistas, o governo não tem o consenso do país e das pessoas que precisam trabalhar para sobreviver”, afirmou.
Florença
Enquanto trabalhadores marchavam em Roma, o primeiro-ministro e a cúpula do PD participavam de uma convenção em Florença para debater propostas políticas. No evento, o empresário e investidor Davide Serra, conhecido no país como amigo e conselheiro de Renzi, se declarou a favor da limitação do direito de greve a funcionários públicos.
Renzi assumiu o governo italiano em fevereiro de 2014, com a promessa de realizar mudanças no país em um prazo de mil dias. O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi também tentou modificar o artigo 18 em 2002, o que provocou uma greve geral, além de uma manifestação que levou mais de três milhões de pessoas às ruas de todo o país.
Fonte: Opera Mundi, com informações das agências ANSA e EFE e dos sites Rassegna.it e Il Fatto Quotidiano
Data original da publicação: 26/10/2014