Os residentes médicos da Inglaterra, no Reino Unido, iniciaram uma paralisação de dois dias na terça-feira (26/04) em protesto a uma reforma proposta pela governo do premiê britânico, David Cameron, que visa aumentar as horas de trabalho semanais. Segundo dados divulgados pelo Serviço Nacional de Saúde pública (NHS, na sigla em inglês) do Reino Unido, cerca de 78% dos residentes escalados para trabalhar aderiram ao primeiro dia de paralisação, que durou entre as 8h e as 17h (hora local).
Devido à greve, os hospitais cancelaram quase 13 mil cirurgias e adiaram mais de 100 mil consultas. A medida foi tomada para deslocar os profissionais médicos com mais experiência para assumir serviços de emergência, normalmente de responsabilidade dos residentes.
A paralisação dos residentes conta com forte apoio popular. De acordo com uma pesquisa do Instituto Ipsos Mori encomendada pela BBC, 57% da população consultada apoia a paralisação e 54% do total de entrevistados acredita que ela seja culpa do governo.
Os grevistas estão protestando contra um novo contrato proposto pelo governo de Cameron, que visa aumentar a quantidade de horas de trabalho semanais de médicos residentes. A mudança incluiria sextas à noite e sábados na jornada de trabalho obrigatória. Atualmente, trabalhar nesses horários é considerado hora extra.
O governo defende que é preciso oferecer um serviço de saúde que esteja disponível todos os dias da semana e que a mudança acarretaria no aumento do salário mínimo para os residentes.
Cameron disse na terça-feira (26/04) à emissora britânica Sky News que os residentes estão “errados” em entrar em greve. O secretário da Saúde, Jeremy Hunt, afirmou que os médicos serão “responsáveis” por mortes que ocorrerem no período da paralisação.
Em pronunciamento ao Parlamento britânico na segunda-feira (25/04), Hunt declarou que os médicos estariam “passando do limite” e colocando os pacientes em risco se realizassem uma greve.
Já a Associação Britânica de Médicos, sindicato dos profissionais do país, afirma que o novo contrato sobrecarrega os profissionais, ameaçando a segurança dos pacientes. Para um dos líderes do sindicato, Johann Malawana, a paralisação é “um dia incrivelmente triste para os médicos”.
“Nós sentimos profundamente pelo transtorno causado, mas sabemos que funcionários capacitados estarão trabalhando duro para providenciar serviços de emergência necessários e [a greve] é pelo bem dos mesmos pacientes que irão precisar do Serviço Nacional de Saúde”, disse Malawana ao jornal norte-americano USA Today.
Figuras públicas apoiam greve
O parlamentar e presidente do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, expressou seu apoio à greve por meio das redes sociais. No Twitter, Corbyn afirmou ter orgulho de ter participado de uma manifestação em solidariedade aos médicos durante a paralisação.
Autora da saga “Harry Potter”, a escritora J.K. Rowling também manifestou apoio à paralisação dos residentes. “Médicos que foram leais ao Serviço Nacional de Saúde por anos, em vez de irem atrás de dinheiro no exterior, não merecem ser acusados de ganância”, escreveu ela no Twitter em resposta a um tuíte de um repórter escocês da emissora STV, que discordava da paralisação.
Fonte: Opera Mundi
Data original da publicação: 26/04/2016