Ser funcionário público em Portugal sempre significou ter um emprego quase vitalício, com estabilidade e benefícios que o setor privado não proporcionava. Porém, nos últimos dois anos, o funcionalismo público passou a ser a classe trabalhadora que mais tem sido penalizada por cortes e arrochos do governo conservador de Passos Coelho.
O funcionalismo português já perdeu 30% dos salários e o próximo Orçamento de Estado prevê um novo corte para aqueles que ganhem mais de 600 euros, atingindo 90% dos 700 mil trabalhadores do Estado. A medida ainda está sendo discutida no parlamento, mas a maioria deverá aprovar um novo talho na ordem dos 8%.
A votação está marcada para o próximo dia 26, mas os funcionários decidiram entrar em greve na sexta-feira (8), não somente contra os cortes salariais mas também contra o aumento da carga do horário laboral e a melhoria dos serviços prestados a população. “Temos que defender a nossa dignidade que é desrespeitada a cada dia pelo governo”, afirmou Armênio Carlos, secretário-geral da CGTP.
A greve deve ter uma grande dimensão afetando os transportes, escolas, hospitais, coleta de lixo, bombeiros etc. Contando desta vez com a adesão de vários sindicatos que pertencem à outra central sindical, UGT.
O governo por sua vez comemora a divulgação dos novos índices de desemprego, que caíram de 17% para 15,6%. Mas a oposição lembra que além do trabalho temporário e sazonal de verão, mais de 100 mil portugueses deixaram de aparecer na lista dos desempregados porque foram obrigados a emigrar por falta de oportunidade no país; e que um novo corte nos salários será um duro golpe na classe média já bem empobrecida.
Fonte: RFI
Texto: Adriana Niemeyer
Data original da publicação: 08/11/2013