França: não vou ceder à pressão das ruas, diz Hollande sobre reforma trabalhista

O presidente da França, François Hollande, disse na quinta-feira (14/04) que não irá recuar com relação ao projeto de reformas trabalhistas proposto pelo seu governo, apesar da pressão popular. A reforma foi alvo de protestos e críticas, segundo as quais ela flexibiliza a legislação e prejudica aos trabalhadores.

“[A proposta] foi discutida, analisada e chega ao Parlamento. Eu escuto, tento encontrar o bom equilíbrio, discutir, analisar… eu não vou ceder à rua. A lei não será retirada, ela teve correções e discussões com as organizações sindicais — aquelas [organizações] que agora compreendem o sentido e mesmo apoiam a reforma — sim”, disse Hollande em um programa da emissora France 2, no qual respondeu perguntas de jornalistas e convidados por cerca de duas horas.

“Eu acho legítimo que a juventude queira se expressar. Isso não é suficiente, mas não vou me queixar dessa juventude que quer inventar esse mundo de amanhã em vez de olhar para o passado. O problema é que os jovens não encontram emprego fixo”, afirmou Hollande.

“Eu seguirei até o fim”, disse o mandatário em referência às reformas.

No programa, Hollande voltou a defender as mudanças apresentadas pela ministra do Trabalho do país, Myriam El Khomri. “Essa reforma é por mais diálogo social dentro da empresa. São direitos novos”, declarou.

Segundo o governo francês, as medidas têm como objetivo reduzir o desemprego no país, que ultrapassa os 10%. A reforma alteraria a jornada de trabalho de 35 horas semanais, permitindo às empresas propor horários alternativos, o que poderia aumentar a jornada. O Parlamento deve apreciar as propostas ainda neste mês.

A reforma trabalhista, apresentada no fim de março, motivou protestos populares no país. Parte dos manifestantes criou o movimento “Nuit Debout” (“Noite em claro”, em tradução livre), que ocupa vias públicas em diversas cidades francesas.

Na manhã da última segunda-feira (11/04), a polícia francesa desalojou os manifestantes que ocupavam a Praça da República desde 31 de março. Na noite do mesmo dia, no entanto, os manifestantes voltaram ao local e desde então seguem na praça, onde realizam assembleias diariamente.

Fonte: Opera Mundi
Data original da publicação: 14/04/2016

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