Resumo: | Vivenciadas contemporaneamente em diversos países, as Reformas Trabalhistas são consideradas uma possibilidade de tensionamento e flexibilização das relações de trabalho. No Brasil, a Reforma Trabalhista, sob a Lei nº 13.467, esteve envolta em polêmicas e apresentou-se como marco da discussão dos impactos do movimento de flexibilização da legislação. Todavia, estudos anteriores já apontavam para a coexistência de diferentes vínculos de trabalho, que funcionariam de forma complementar aos contratos formais regidos pela CLT, em diversos segmentos profissionais. O binarismo acerca dos impactos da Reforma Trabalhista brasileira, especialmente manifestado por diferentes esferas de representação, traz à luz o grande nível de divergência acerca do tema, todavia, estes diferentes posicionamentos não evidenciam a realização de estudos teóricoempíricos que demonstrem a escuta e participação efetiva do trabalhador nesta discussão. A categoria dos trabalhadores da Enfermagem tem sido historicamente permeada pelos desafios decorrentes destas mudanças e das peculiaridades de suas condições de trabalho. Este estudo tem como propósito compreender a percepção do trabalhador da Enfermagem acerca dos impactos da flexibilização da legislação ao longo de sua trajetória e no contexto da Reforma Trabalhista brasileira. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, alicerçada pela epistemologia qualitativa e pelo caminho metodológico da história de vida. A partir da análise das narrativas de três trabalhadores da Enfermagem, foram propostas como categorias analíticas: a) a precarização como alternativa de sobrevivência; b) o distanciamento em relação ao movimento da Reforma Trabalhista diante de um contexto já presente de flexibilização e; c) estratégias de atenuação dos impactos da flexibilização. Como principais resultados constatou-se que as condições relacionadas à flexibilização já se mostravam presentes na trajetória dos profissionais antes mesmo do estabelecimento da Reforma Trabalhista e que, ainda que os trabalhadores demonstrem um distanciamento em relação a este movimento, suas práticas cotidianas, sentidos e subjetividades revelam estratégias que possibilitam a ressignificação de seu trabalho e a atenuação de seus impactos. |