Estudo revela que mulheres têm entrevistas de emprego mais difíceis

Não importa o sexo, fazer uma entrevista de emprego não é tarefa simples. Você não só passa a noite anterior em claro pesquisando todos os detalhes da vaga, escolhendo a roupa adequada e pensando numa desculpa boa o suficiente para não ir ao seu trabalho atual no dia seguinte, mas também tem que parecer calma, equilibrada e confiante na frente de um monte de estranhos.

Mas isso é válido para todo mundo, certo? Na verdade não. Um estudo recente revelou que as mulheres têm entrevistas de emprego mais difíceis que os homens e são interrompidas mais vezes do que seus competidores do sexo masculino. Publicado no Journal of Social Sciences, o estudo descobriu que os homens são duas vezes mais propensos a fazer uma interrupção quando estão se dirigindo a uma mulher.

No entanto, quando um homem é interrompido na metade de sua fala, o ato é “geralmente mais positivo e afirmativo”, o que sugere que ainda há um grave desequilíbrio de gênero em cargos superiores (caso você não estivesse ciente disso).

A pesquisa analisou entrevistas de emprego em duas grandes universidades americanas – a Universidade da Califórnia e da Universidade do Sul da Califórnia – ao longo de um período de dois anos, e descobriu que as mulheres eram questionadas mais vezes pelos recrutadores, o que poderia tornas as candidatas mais propensos a perder a calma durante as apresentações.

Os resultados também descobriram que existe uma atitude do tipo “prove isto novamente” em relação às mulheres. Em média, as mulheres passam por até cinco questões nas quais são interrompidas pelo entrevistador, enquanto os candidatos do sexo masculino só enfrentavam quatro.

Foi descoberto também que as mulheres eram perguntadas duas questões derivadas a mais, completando 17 no total – pelo menos três mais do que o número de perguntas para os homólogos do sexo masculino. Uma maior quantidade de perguntas significa que mulheres gastam uma porcentagem maior de seu tempo em entrevista apenas para rebater questões.

“Perguntas que vêm derivadas de questões anteriores podem indicar um desafio em relação à competência do entrevistado – não apenas na fala que já foi preparada, mas também na resposta às perguntas”, afirmou o relatório.

Ao sugerir que as mulheres são “pegas” neste impasse de perguntas e respostas, o estudo diz: “Mesmo as mulheres com currículos impressionantes que foram pré-selecionadas ainda podem ser consideradas menos competentes, pois são mais desafiadas, às vezes excessivamente, e, portanto, têm menos tempo para apresentar uma fala coerente e convincente”. O texto continua: “Estes padrões de conversas formam um viés quase invisível, o que permite que um clima de competência desafiadora em relação às mulheres persista”.

Embora o estudo não tenha analisado se serem mais questionadas poderia trazer algum benefício para as candidatas, as gravações de vídeo revelaram que “pistas verbais indicam claramente que as mulheres se apressam no discurso previamente preparado para poderem chegar logo ao ponto final”.

O resultado: muitas das mulheres entrevistadas frequentemente disseram frases como “por causa do tempo, vou pular essa parte”, “não tem muito tempo, eu vou correr um pouco” e “eu estou indo muito rápido aqui porque eu quero chegar à segunda parte”. Por isso, acredita-se que existia uma ligação clara entre o número de perguntas que as mulheres enfrentaram e a sua tendência a se precipitarem em suas apresentações.

Se não bastasse a diferença entre homens e mulheres num processo seletivo, a diferença salarial – principalmente no Brasil – segue gritante. Segundo o Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016 do Fórum Econômico Mundial, publicado no final do ano passado, entre 144 países avaliados, o Brasil ocupa a 129ª posição no quesito igualdade de salários entre gêneros. Ainda segundo o estudo, o Brasil é ainda um dos seis países do mundo onde a diferença salarial entre homens e mulheres em cargos executivos é de mais de 50%.

Fonte: Marie Claire
Data original da publicação: 10/07/2017

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