Um estudo divulgado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP) a respeito da desigualdade de renda no Brasil sob o recorte de raça e gênero aponta que 705 mil homens brancos que estão entre os 1% dos mais ricos do Brasil possuem mais riqueza acumuladas do que todas as mulheres negras do País, que representam 26% da população e somam 32,7 milhões de pessoas.
O estudo aponta que os homens brancos representam 57% dos 1% mais ricos do Brasil e acumulam 15,3% da renda nacional, apesar de representarem apenas 0,56% da população total, com rendimento mensal médio de R$ 114.944,50. Por outro lado, as mulheres negras, apesar de serem cerca de um quarto da população, se apropriam apenas de 14,3% da renda nacional, com rendimento mensal médio de R$ 1.619,45.
O estudo destaca também que sete a cada dez dos 10% brasileiros mais pobres são negros, embora representem 54% de todos os adultos.
“A partir dessas informações, salta aos olhos uma desigualdade significativa interracial, seja quando olhamos a composição de cada grupo de rendimentos, seja quando olhamos a parcela da renda apropriada por grupos demográficos”, diz o estudo.
O estudo, realizado pelos pesquisadores Ana Bottega, Isabela Bouza, Matias Cardomingo, Luiza Nassif Pires e Fernanda Peron Pereira, foi feito a partir do cruzamento dos dados da Pesquisa de Orçamento Familiares 2017-2018 (POF), do IBGE, e do Imposto de Renda.
O estudo sugere que como uma medida para o enfrentamento dessa distorção a retomada da tributação de lucros e dividendos, que representariam 22% da renda dos 1% mais ricos do Brasil. Além disso, destaca que, mesmo entre os 1% mais ricos, os homens brancos se apropriam de 55% de todo os lucros e dividendos declarados, enquanto 18% ficam com as mulheres brancas e homens e mulheres negras somados ficam com apenas 10%.
Fonte: Sul 21
Data original da publicação: 11/12/2021