Apesar dos lucros em alta, os bancos fecharam 2.135 postos de trabalho no país nos primeiros quatro meses do ano, revela pesquisa divulgada na sexta-feira (29/05) pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em parceria com o Dieese. “O resultado é injustificável. Se há um setor que continua registrando alta lucratividade, este é o bancário”, salienta o presidente da entidade, Roberto von der Osten.
“No primeiro trimestre, o lucro dos quatro maiores bancos (Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) foi de mais de R$ 14 bilhões. Só o Banco do Brasil viu seus rendimentos mais que duplicarem no período, com crescimento de 117%. O sistema financeiro não tem do que reclamar. Os números traduzem isso”, afirma Roberto. O estudo, mensal, usa como base os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os bancos múltiplos, com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições como Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, foram os principais responsáveis pelo saldo negativo. Eles eliminaram 1.245 empregos. A Caixa, que vinha sustentando a criação de empregos no setor, teve corte de 977 postos de trabalho.
No total, 19 estados registraram saldos negativos. As reduções mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (-596), São Paulo (-552) e Minas Gerais (-468). Já o Pará foi o estado com maior saldo positivo, com abertura de 111 postos de trabalho, seguido pelo Mato Grosso (90) e Maranhão (68).
Também de acordo com o levantamento da Contraf-CUT/Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta. Os bancos contrataram 10.410 funcionários e desligaram 12.545 nos primeiros quatro meses.
A pesquisa também revela que o salário médio dos admitidos pelos bancos foi de R$ 3.512,63, ante R$ 5.855,01 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 60% menor que a remuneração dos dispensados.
“Lucro em cima de lucro, assim é o comportamento dos bancos que atuam no Brasil. Com o resultado que apresenta, o setor poderia ter um papel mais nobre no desenvolvimento econômico do país, em vez disso, corta empregos e usa a rotatividade para ganhar sempre mais”, critica o presidente da Contraf-CUT.
A pesquisa mostra também que as mulheres, mesmo representando metade da categoria e tendo maior escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração. A média dos salários dos homens admitidos pelos bancos foi de R$ 3.853,19 entre janeiro e abril. Já a remuneração das mulheres ficou em R$ 3.150,19, valor 18,2% inferior à remuneração de contratação dos homens.
“Em nossas mesas de negociação com os bancos a discriminação está em debate. E não é só por gênero. As barreiras de ascensão profissional também se revelam na comparação por cor e orientação sexual. A discriminação é usada como sistema de poder pelos bancos”, enfatiza Roberto.
Fonte: Rede Brasil Atual
Data original da publicação: 29/05/2015