América Latina trabalha cinco horas a mais por semana que os países de alta renda, destaca OIT

Belém (PA), 18/11/2025 - Funcionários da Águas do Pará trabalham na distribuição de água encanada na comunidade da Vila da Barca, erguida  em construções de palafitas na baía do rio Guajará.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Organização Internacional do Trabalho apresentou uma nota técnica intitulada “¿Cuántas horas se trabajan en América Latina y el Caribe?: Indicadores del tiempo de trabajo y su organización” elaborada pela especialista em salários e tempo de trabalho da OIT Cone Sul, Sonia Gontero, que analisa a duração e organização da jornada de trabalho na região a partir de dados do portal ILOSTAT.

O estudo mostra que as pessoas ocupadas na América Latina e Caribe trabalham em média 40 horas por semana, o que equivale a cinco horas a mais que a média dos países de alta renda da OCDE. Entre os assalariados, a média sobe para 42 horas semanais, posicionando a região entre as que registram maior número de horas trabalhadas a nível global.

“O tempo de trabalho é um elemento central da qualidade de emprego e bem-estar das pessoas. Sua medição permite compreender melhor como se distribui a carga de trabalho entre homens e mulheres, e entre diferentes grupos ocupacionais”, explicou Sonia Gontero, autora do informe.

A nota adverte que um de cada cinco trabalhadores na América Latina trabalha mais de 48 horas semanais, cifra superior à observada na Europa e América do Norte. Essa situação, segundo a OIT, pode ter efeitos negativos na saúde dos trabalhadores e na produtividade das empresas, aumentar os níveis de fadiga, erros e absenteísmo.

“As jornadas excessivas afetam o bem-estar das pessoas e podem repercutir também na eficiência empresarial. Promover um equilíbrio adequado entre trabalho e vida pessoal é chave para o desenvolvimento sustentável”, acrescentou Gontero.

O informe também destaca uma brecha de gênero persistente: em média, os homens trabalha 42,7 horas por semana frente a 36,9 horas no caso das mulheres. No entanto, ao considerar o tempo destinado ao trabalho doméstico e de cuidados não remunerado, a carga global de trabalho é maior para as mulheres, evidenciando a necessidade de avançar em políticas de corresponsabilidade e conciliação.

A OIT ressalta ademais a importância de coletar mais e melhores estatísticas sobre formas flexíveis de organização do tempo de trabalho, como o teletrabalho, a semana comprimida ou os bancos de horas, que estão ganhando relevância na região.

“As mudanças tecnológicas, demográficas e climáticas impulsionarão uma maior demanda de flexibilidade laboral. Contar com informação estatística sólida sobre estes mecanismos é essencial para desenhar políticas laborais baseadas em evidências”, conclui o documento.

 

Fonte: OIT
Tradução: Felipe Prestes
Data original da publicação: 30/10/2025


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