Chegou a hora dos sindicatos, especialmente do setor de serviços, descobrir as possibilidades da tecnologia.
Luis Nassif
Fonte: GGN
Data original da publicação: 18/11/2022
Em Poços de Caldas um grupo de rapazes desenvolveu um aplicativo similar ao Uber. Vendeu para um grupo de motoristas. Eles pagam uma mensalidade fixa e ficam com toda a tarifa das corridas. O aplicativo matou o Uber por lá.
Em Araraquara ocorreu projeto semelhante.
Em São Paulo, o MST (Movimento dos Sem Terra) se vale de aplicativos para a venda de produtos naturais.
A revolução tecnológica tem dois momentos. O primeiro foi das empresas. Aquelas que dominaram na frente a tecnologia se transformaram em empresas bilionárias. É o caso dos aplicativos de automóveis e de entregas.
Agora chegou a hora dos sindicatos, especialmente do setor de serviços, descobrir as possibilidades da tecnologia.
É o caso da Conatec (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios). Trata-se de um setor que está sendo esmagado pela terceirização e pela automatização. Hoje em dia há edifícios em que trabalhadores foram substituídos por porteiros eletrônicos. Por outro lado, as terceirizadoras oferecem serviços até de diaristas, que se abrigam em outros sindicatos.
O que é a administração de um condomínio? É um sistema de registro das compras e despesas de pessoas. E por que as pessoas procuram empresas para conseguir diaristas? Porque as empresas têm diaristas selecionadas.
Todas essas funções podem ser assumidas pelos sindicatos, que ampliariam sua atuação, para incluir diaristas. Hoje em dia, sistemas de controle de compras e contabilidade de empresas estão disponíveis. Uma assessoria de recursos humanos ajudaria o sindicato a definir a oferta de mão de obra dos próprios sindicalizados. E poderiam ser desenvolvidos aplicativos para oferta de diaristas.
Mais que isso, cada vez mais as grandes empresas estão se enquadrando nos princípios da ESG, práticas que permitem definir se a empresa tem responsabilidade social, ambiental. Já existem multinacionais que definiram cotas raciais para seus fornecedores. Apoiar iniciativas de sindicatos ajudaria a melhorar mais ainda a classificação ESG dessas empresas.
Além disso, sempre haverá bancos interessados em apoiar essas iniciativas em troca das contas do sindicato. Tempos atrás, por exemplo, o Santander montou uma bela iniciativa de apoiar as bancas de revista, abaladas pela crise das revistas impressas, para que explorassem a venda de outros produtos.
Na ponta regulatória, as prefeituras deveriam ser instadas a obrigar os edifícios a manterem ao mesmo um socorrista, em contato com a defesa civil e o Corpo de Bombeiros, para atender a qualquer eventualidade.