Luciana de Oliveira Silva
Resumo: A escala 6X1, comum em restaurantes, impõe uma rotina intensa e desgastante aos trabalhadores de salão e cozinha. Esse texto explora os desafios da jornada de trabalho dos trabalhadores em alimentação fora do lar, aborda o debate sobre o fim da escala 6X1 no setor e promove uma reflexão sobre os caminhos e estratégias para o segmento marcado por relações de trabalho historicamente precárias. O argumento do texto é de que é possível aumentar a qualidade de vida dos trabalhadores de alimentação fora do lar com o fim dessa escala e, ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade dos negócios gastronômicos.
Artigo
Os avanços das discussões sobre o fim da jornada de trabalho 6X1 tem gerado debate no Brasil, particularmente no setor de alimentação fora do lar (AFL). Em termos de número de estabelecimentos e geração de emprego é um segmento significativo dentre as atividades econômicas no país. Caracterizado por acompanhar a dinâmica econômica e pela predominância de micro e pequenas empresas, o segmento historicamente adota modelos flexíveis e precários de trabalho, com jornadas mais atípicas e despadronizadas em comparação com a população ocupada total (POT) (Silva, 2021).
Diante desse cenário, instituições representativas dos empreendimentos gastronômicos, a sociedade e trabalhadores do setor reagiram sobre os possíveis impactos da redução da jornada e alteração de escala.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) argumentou que o fim da escala 6X1 sem redução de salário poderia gerar consequências negativas, como a inviabilização de pequenos e médios negócios gastronômicos, devido ao aumento estimado dos custos com mão de obra. Ele enfatizou também que a falta de flexibilidade nas escalas de trabalho, relevante para o setor de alimentação fora do lar, poderia levar ao aumento da informalidade e à perda de postos de trabalho (Solmucci, 2024).
Ainda segundo o presidente da Abrasel, os impactos do fim da escala 6X1 sem reduções salariais seriam o aumento de preços e insolvência dos empreendimentos que já atuam com margens de lucro baixas; já do lado da demanda, a alteração de horários de abertura de um estabelecimento não seria viável, uma vez que os clientes possuem a expectativa de encontrar os locais abertos em todos os dias da semana (Solmucci, 2024).
Contrapondo esses argumentos, a proposta do texto é demonstrar que o fim da escala 6X1 e a redução da jornada de trabalho no setor de alimentação fora do lar podem resultar em uma dupla melhoria: tanto na qualidade de vida dos trabalhadores quanto na sustentabilidade dos negócios.
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Luciana de Oliveira Silva é mestra em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp

