60 profissões são reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou, em 31 de janeiro deste ano, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), incluindo 60 profissões. Na prática, trata-se de atividades que já existiam, mas que só agora passam a ter oficialmente o seu devido reconhecimento.

Relações públicas, analista de negócios, analista de pesquisa de trabalho, ouvidor, engenheiro de controle e automação, tecnólogo em mecatrônica industrial, farmacêutico em indústria de alimentos, fonoaudiólogo educacional, fonoaudiólogo em linguagem, quiropraxista, osteopata, musicoterapeuta, equoterapeuta, doula, agente de proteção de aviação civil, propagandista de produtos farmacêuticos, DJ (disc-jóquei), barista e socioeducador são algumas das ocupações incluídas na CBO.

Conquista

Barista há três anos, Rilton Lima, 21 anos, é o que se pode chamar de um especialista em café e drinks à base de café. Para isso, fez cursos de formação. Ele é um dos que vibrou com a inclusão da profissão na CBO, fato que considera uma importante conquista. Criada em 1900, na Itália, somente há cerca de dez anos é que a profissão chegou ao Brasil.

O gerente de cafeteria Giurdan Pereira explica que o barista é um profissional importante na cadeia, completando o ciclo da semente à xícara. “É um artesão que pode extrair todo o potencial do café. Para se tornar um bom barista há muitas coisas que se deve saber. A profissão requer determinação, insistência e paixão pelo café”, afirma.

Há dois meses, teve início o primeiro curso de capacitação de barista de Fortaleza, voltado para pessoas que já atuam no mercado de trabalho. A área sofre de uma carência desse tipo de profissional. A ideia, conforme Pereira, é um curso para agregar valores para o barista e ao estabelecimento, que terá esse diferencial em relação aos demais.

Falta de cursos de formação é uma das dificuldade que as profissões incluídas na CBO enfrentam. A maioria dos cursos é oferecida em São Paulo e no Rio de Janeiro, o que acarreta em consequências diretas na qualificação desses profissionais, que contam com experiência na prática, mas não na teoria.

Antenor Antenório, coordenador estadual de Intermediação de Profissionais do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), comenta que a classificação é um norteador para reconhecer a profissão no mercado de trabalho. Contudo, das que foram incluídas, diz que poucas são solicitadas no Sine.

Socioeducador, analista de pesquisa de mercado, trabalhador portuário de bloco e propagandista de produtos farmacêuticos são as que têm demanda no órgão. A inclusão facilita a inserção do jovem no mercado, pois vai existir uma profissão condizente com a que ele exerce.

Doulas comemoram inclusão na CBO pelo MTE

Na semana em que o MTE divulgou o reconhecimento de 60 ocupações na CBO, teve início o primeiro curso de formação de doulas de Fortaleza, por iniciativa do grupo “Mãe do Corpo”. A doula profissional Kelly Brasil, 33 anos, comenta que o reconhecimento da profissão é uma reivindicação bastante antiga dessas profissionais.

“A gente recebeu a notícia com muita alegria”, enfatiza. Kelly conta que muitos profissionais da saúde não sabem da existência da doula e nem o trabalho que ela desenvolve. Responsáveis por acompanhar as gestantes antes, durante e depois do parto, são elas que oferecem suporte emocional às mães, estimulando práticas humanizadas. “É uma vitória ter um trabalho que eu acredito e amo ser reconhecido pelo MTE”, comemora.

A vontade de ser doula surgiu depois do parto de seu filho, em 2006. Kelly conta que a experiência foi tão intensa e transformadora que ela sentiu a necessidade de ajudar outras mulheres a terem uma experiência igual ou até melhor que a sua. Há cinco anos, ela trabalha na área. Já acompanhou aproximadamente 100 gestantes. Sua formação de doula foi em São Paulo. Ela destaca que a ideia do curso é multiplicar o conhecimento.

Reconhecer é diferente de regulamentar

É importante separar as diferenças entre reconhecer e regulamentar. Francisco Ibiapina, superintendente Regional do Trabalho Substituto, explica que, com as inclusões na CBO, o MTE apenas reconhece a existência daquela profissão no mercado de trabalho. A partir daí, haverá um enquadramento correto da ocupação e políticas públicas poderão ser desenvolvidas para aquele segmento. Mas só com projeto de lei é que a profissão será regulamentada.

Essa necessidade de serem revistas e criadas novas ocupações é porque existe uma dificuldade de enquadrar, por isso tem de se procurar uma profissão similar, que se aproxime da atividade. “A atualização é importante, pois resguarda as atribuições que a profissão contempla”, explica.

Fonte: Diário do Nordeste
Texto: Luana Lima

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