8 de março: os sindicatos são imprescindíveis para fomentar direitos das mulheres

2015 é um ano favorável para as celebrações do Dia Internacional da Mulher: comemoramos o vigésimo aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, o documento mais avançado sobre direitos e empoderamento das mulheres assinado por líderes mundiais. Na América Latina, as organizações sindicais celebram avanços sociais e nas condições de vida das mulheres na região, mas observam que ainda há um caminho longo para ser trilhado em direção à paridade de gênero e à igualdade.

Os 189 membros das Nações Unidas que deram este passo de forma unânime na Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres de 1995 destacaram aspectos críticos de interesse e ações concretas que devem ser realizadas por governos, instituições da ONU e da sociedade civil se quisermos conseguir uma igualdade de gênero real e que se promovam, projetem e respeitem os direitos humanos de mulheres e meninas.

Sem dúvida, é momento pare reconhecer certos avanços críticos que nos aproximaram da consecução de seus objetivos. Nos últimos 20 anos, reduziu-se a brecha de gênero na educação em nível mundial, e certos países alcançaram a paridade na escolarização; o número de mulheres mortas como consequência da gravidez e do parto se reduziu à metade, e as mulheres ocupam agora mais de 30% das cadeiras parlamentares nacionais em 46 país, em ao menos uma das Câmaras.

Mas ainda falta muito caminho a se percorrer; o avanço para por em prática a Plataforma de Ação de Pequim tem sido lento e desigual.

Neste ano, também avaliaremos os avanços em relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e aos objetivos de Educação para Todos (EPT), estabelecidos no ano 2000 e que deveriam ser cumpridos em 2015. O informe de 2014 sobre os ODM ressaltaram os importantes objetivos pendentes, incluindo o fato de que 60% dos 781 milhões de adultos e 126 milhões de jovens do mundo que carecem de habilidades de leitura e escrita básica são mulheres e meninas; e, apesar de que, entre 1990 e 2010, os níveis de pobreza tenham se reduzido pela metade, atualmente 1,2 bilhão de pessoas vive em situação de extrema pobreza.

Dado que a educação é um direito humano em si mesmo e tem a condição de habilitar, pois transforma vidas, o trabalho dos sindicatos da educação para fomentar os direitos das mulheres e meninas no âmbito educativo é imprescindível.

Na Internacional da Educação para a América Latina, continuamos com o trabalho constante na defesa dos direitos das mulheres na busca pela igualdade. Durante o ano de 2014, ocorreu um encontro da Rede de Trabalhadoras da Educação da Internacional da Educação para a América Latina. Ele se realizou de 16 a 18 de setembro de 2014 em Recife, no Brasil. Naquela atividade, as docentes analisaram os avanços e objetivos em termos de igualdade e equidade de direitos, e como a construção de um Movimento Pedagógico Latino-americano está profundamente vinculado ao trabalho em matéria de equidade.

María Teresa Cabrera, integrante do Comitê Executivo Mundial da Internacional da Educação ficou feliz em saber que cada vez mais pessoas e organizações lutam pela igualdade de gênero.

“Temos que construir uma educação pública que assegure o direito à educação de todos e a todas. Vamos definir novas linhas de ação para encarar desafios que a realidade impõe a cada dia e colocar uma ênfase especial nas políticas públicas que temos que construir para gerar uma educação inclusiva, solidária e com igualdade de gênero”, disse María Teresa Cabrera.

“Não é possível pensar a democracia com as mulheres excluídas. Entende-se a discriminação como produto de um sistema de relações de poder assimétricas e que assume implicitamente que o padrão de normalidade é masculino. Esse sistema de valores é mantido por práticas sociais”, observou Cabrera.

Como parte das atividades do encontro, ocorreu um painel sobre políticas públicas com foco em igualdade de gênero. Depois desse painel, as participantes puderam debater sobre a necessidade de aprofundar mudanças que ocorreram em alguns países sem perder a perspectiva de gênero e a busca pela igualdade. O painel foi moderado por Fátima Silva, vice-presidenta do Comitê Regional da Internacional da Educação para a América Latina.

Para Silva, o debate trouxe às presentes questões sobre empoderamento e busca de maior protagonismo nas direções sindicais, assim como na esfera pública das organizações e das nações. “Esse debate foi bastante intenso. Intenso no sentido de fortalecer as mulheres”, avaliou Silva.

Além disso, entre os temas, ela destacou que se avançou em conquistas e em discussões na região quanto a temas de direitos das mulheres. Por exemplo, segundo Silva, “decidimos que a cota é um processo importante, mas agora queremos paridade. Paridade que já temos aprovada em diversos países. Mas também queremos discutir o poder e as decisões. Quando falamos em educação, o cargo principal dos ministérios é ocupados por homens. Queremos discutir igualdade na vida, no trabalho e na luta”.

Em 2015, será realizado um novo encontro da Rede de Trabalhadoras da Educação da Internacional da Educação para a América Latina. Desta vez, será durante o mês de maio, no Chile, e contará com a participação de mulheres e homens de toda a região.

A Internacional da Educação pede a suas organizações membro que neste ano renovem seus esforços: precisamos fazer muito mais para que a proposta da Plataforma de Ação de Pequim se torne realidade para mulheres, homens, meninos e meninas do mundo. Empoderando as mulheres e as meninas, empoderaremos toda a humanidade.

Fonte: Carta Maior
Data original da publicação: 08/03/2015

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