Youtubers, tiktokers e podcasters: sindicalistas ocupam diferentes plataforma

Imagem: CUT-SP

A busca por informações por meio das redes sociais e das plataformas de streaming já se tornou um hábito comum dos brasileiros. Há alguns anos, veículos de rádio e TV passaram a dividir espaço com criadores de conteúdos que são crias do mundo virtual, e que chegam, não raras às vezes, até a ultrapassar em audiência esses meios tradicionais.

Diariamente, plataformas de streaming disponibilizam um imenso volume de conteúdos em áudio ou vídeo, com os mais variados temas e gêneros, para todo tipo de público. São formatos que têm ganhado o público jovem, em parte, por permitirem maior liberdade de criação, o uso de uma linguagem nada formal e poucas restrições, aproximando o criador de conteúdo de seu público, no melhor estilo ‘gente como a gente’.

Pesquisa da Associação Brasileira de Podcasters (Pod Pesquisa ), em 2020, aponta que 34,6 milhões de brasileiros ouvem podcasts – cerca de 8% da população -, numa tendência que ganhou impulso durante a pandemia de covid-19 e que segue crescendo a cada dia. Já no estudo “Inside Video”, feito há dois anos pela Kantar Ibope Media, 99% dos brasileiros logados na internet acessaram ao menos algum vídeo, evidenciando o sucesso de plataformas como YouTube e TikTok.

E o movimento sindical também tem uma fatia desse espaço para chamar de seu. Em São Paulo, tem crescido o número de sindicatos que buscam inovar suas formas de comunicação com as bases utilizando conteúdos audiovisuais, focados, principalmente, nos trabalhadores mais jovens e antenados com o que está no trending topic da internet – o assunto da manhã já se torna velho no período da tarde.

É o caso do Peão Refinado, produzido pelo Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP) e disponibilizado no YouTube e no Instagram. Com humor e comentários ácidos, o petroleiro Danilo Silva, que interpreta o Peão Refinado, consegue sintetizar as pautas relacionadas ao desmonte da Petrobrás e o consequente aumento dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, bem como tratar dos ataques aos direitos da categoria.

Danilo conta que a ideia de produzir os vídeos surgiu da necessidade de separar o elemento jornalístico, como site e boletins do sindicato, do lúdico. “O Peão Refinado surge do diagnóstico coletivo de como era constituída nossa própria comunicação e para onde gostaríamos de caminhar. É um lugar de informação, mas principalmente de pertencimento, de humor, é o papo de trabalhador para trabalhador, ou melhor, de peão para peão”, explica o petroleiro, que está na segunda temporada do canal, que ganhou novo cenário e possui uma edição ágil e cheia de referências do universo geek.

Perguntado sobre o alcance que o vídeo pode conseguir junto a outros públicos, o sindicalista diz que isso passa, primeiro, pela fidelização da audiência junto à base petroleira. “Temos uma frase do escritor russo Leon Tolstói como norteadora para o nosso trabalho: ‘Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia’. E, no caso da nossa aldeia, estamos falando da maior empresa estatal brasileira e a maior petroleira da América Latina. Por isso, sempre tentamos ‘pintar’ e falar com os ‘nossos’. Extrapolar o nosso círculo será consequência de um trabalho bem feito, na nossa opinião”.

Já em Campinas, são os companheiros do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sinticom Campinas) quem garantem a resenha no podcast Bora Pae, criado no início deste ano. Toda semana, a proposta é entrevistar personalidades e lideranças que abordem assuntos quentes do momento.

No Bora Pae é possível falar de tudo, de esportes, música, política e direitos dos trabalhadores. “Cabe todo tipo de pauta, porém sempre buscamos personalidade com algum histórico de militância pra gente poder falar de política e movimento sindical também. Ou até mesmo o contraditório pra gente poder fazer um debate saudável a respeito dos assuntos”, conta Jucelino Souza Novais, dirigente do Sinticom e um dos apresentadores do programa, ao lado de André Souza.

Para Jucelino, produções em vídeo dialogam com a necessidade de mudança que a comunicação sindical sempre deve buscar. “Precisamos acordar urgentemente e desapegar de algumas estruturas, como alterar logos das entidades, cores etc. Claro que temos que manter a essência sempre, mas precisamos saber com quem estamos falando e onde queremos chegar. E nesse caminho temos que considerar o trabalho de ‘demonização’ feito contra os movimentos sociais nos últimos anos, que nos afastou de um público mais jovem”, afirma.

Já no TikTok, aplicativo que tem tirado o sono dos gigantes Google (YouTube) e Meta (Facebook e Instagram), o que viraliza são vídeos curtos. Por isso, é preciso ter muita criatividade para conseguir resumir bem a mensagem nesse espaço.

Nessa rede, Luba Melo, que é vice-presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), compartilha no perfil @lubamelo vídeos que falam de tudo, inclusive de amenidades do dia a dia. É nesse meio do ‘tudo’ que a sindicalista encaixa temas políticos, também utilizando de muito humor e lançando mão dos recursos gráficos oferecidos pelo próprio app e que deixam o conteúdo mais dinâmico.

Luba vê com bon olhos a ocupação das redes sociais e encoraja outros sindicalistas a aderirem à onda. “Em uma época em que a agenda neoliberal domina os espaços de mídia e poder, impondo interesses conservadores e do sistema financeiro, é fundamental a classe trabalhadora ocupar as redes e levar para o centro do debate político nossos temas e lutas. Já faço das minhas redes um campo político há alguns anos e cada vez mais tenho a leitura da importância deste lugar para a luta de classes. Falo de gênero, políticas públicas, trabalho, economia e sindicalismo com uma dose de humor e irreverência”, diz.

Secretário de Comunicação da CUT-SP, Belmiro Moreira avalia que a produção de conteúdo audiovisual tende a se fortalecer nas entidades sindicais. “Temos uma dura disputa em meio à avalanche de notícias que trabalhador recebe diariamente, vinda de todos os cantos, e os produtos em vídeo ou áudio têm sido um diferencial quando se busca a atenção, por usarem elementos mais dinâmicos e uma linguagem menos formal, que muitas vezes não cabem nos sites e jornais institucionais”, afirma.

PARA OUVIR

SindCast
Podcast produzido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq), que aborda assuntos relacionados ao direito do trabalho e questões ligadas ao cotidiano do trabalhador brasileiro.
No Spotify (clique aqui) e site da entidade (clique aqui).

Megafone
Podcast do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (SINSSP), que traz informações sobre o mundo do INSS e notícias de interesse do serviço público.
No Spotify (clique aqui) e site (clique aqui)

PARA ASSISTIR

Peão Refinado
Produzido pelo Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP)
Clique aqui

Bora Pae
Produzido pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campinas e Região (Sinticom).
Clique aqui

Sindical Influencer
Produzido pelo bancário e dirigente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras no Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), Sérgio Hoff. O canal trata dos assuntos políticos, com transmissões ao vivo e alguns momentos de reacts, sempre com muito humor.
Clique aqui

Pé de Limão
Canal no YouTube, também transmitido pela TVT, que aborda temas como política, cultura, economia e mundo do trabalho. Reúne sindicalistas e assessores na produção.
Clique aqui

PARA SEGUIR

Luba Melo
Perfil da vice-presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) que aborda gênero, políticas públicas, trabalho, economia e sindicalismo.
tiktok.com/@lubamelo

Fonte: Rádio Peão, com CUT São Paulo
Data original da publicação: 05/04/2022

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