Um entre quatro europeus está em situação de precariedade, de acordo com pesquisa

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto francês de pesquisas Ipsos, a pedido da associação Socorro Popular, publicado nesta sexta-feira (4), um entre quatro europeus encontra-se em precariedade econômica e mais da metade teme se encontrar nesta situação nos próximos meses. Os entrevistados afirmam que tiveram que abrir mão de necessidades básicas.

O estudo foi realizado com 6.000 indivíduos maiores de 18 anos de seis países europeus: Alemanha, França, Grécia, Itália, Polônia e Reino Unido, entre 17 de junho 6 de julho.

Ao todo, 27% dos entrevistados declaram que estão em situação precária. Entre as nacionalidades, 51% dos gregos acreditam que estão em situação de fragilidade econômica, contra 24% de franceses e 18% dos alemães.

Outros 55% acreditam que existe um risco importante de se encontrar em situação de precariedade nos próximos meses. Os italianos são os mais preocupados (70%), seguidos pelos gregos (68%) e dos poloneses (56%). Em outros países ricos, os níveis de preocupação são bastante elevados como na Alemanha (49%), Reino Unido (47%) e na França (42%).

A conta da energia é o principal motivo de estresse financeiro para as famílias. Para economizar, 62% dos europeus, com exceção dos britânicos, tiveram que diminuir trajetos e deslocamentos e 47% renunciaram a aquecer suas casas, apesar do frio.

Quase 30% dos entrevistados também afirma ter deixado de fazer uma refeição, apesar de estarem com fome e 34% deixaram de ir ao médico quando estavam doentes.

A pesquisa é mais alarmante porque foi realizada na metade do ano, quando a inflação ainda não tinha ainda atingido os níveis atuais. Na época, 53% já afirmavam ter passado por uma dessas situações,

Causas

A forte inflação dos últimos meses aparece para grande parte dos europeus como a principal causa de sua perda de poder aquisitivo. Os entrevistados citam o aumento dos preços (89%) como origem da precariedade e apenas uma pequena parte se refere a uma consequência do aumento de impostos (31%), da queda dos salários ou de mudança da situação familiar.

“Com o aumento dos preços, a crise energética e as consequências da guerra na Ucrânia, para muitos europeus as condições de vida se deterioraram em 2022”, destaca a organização.

“Uma situação ainda mais dura porque ocorre após dois anos onde os níveis de vida tinham sido marcados pelo choque da crise sanitária [da Covid-19]”, acrescenta.

As famílias são as mais atingidas. Quase metade 33% dos pais dizem que não têm condições de dar aos filhos uma alimentação variada.

Os gregos são particularmente numerosos a enfrentar essas dificuldades. Para “oferecer boas condições de vida” a seus filhos, 76% dos pais entrevistados na Grécia tiveram que abrir mão de atividades de lazer e 48% de comida, revela a pesquisa.

Sem margem de manobra

No Reino Unido, a situação, que combina explosão de preços e instabilidade política, é particularmente preocupante. “As pessoas que vêm aqui, frequentemente não comem há dois dias”, diz Imram Hameed, responsável de um banco de alimentos em Birmingham, no norte da Inglaterra. “Antes, víamos sobretudo mães solteiras ou pessoas que viviam de ajudas sociais. Nunca tínhamos ajudado pessoas que trabalhavam em tempo integral”, completa.  

A maior parte das pessoas que participaram da pesquisa, não contam com uma margem de manobra em caso de imprevisto financeiro. Dois terços declararam que todas os gastos que fazem atualmente são essenciais e não podem mais reduzi-los.

Na França, Itália e Polônia 60% dos entrevistados se encontram nesta situação, enquanto na Grécia, quase todos (88%). Isso se traduz em não ter dinheiro na conta desde o 15° dia do mês para mais de um quarto das pessoas (28%) e a mesma quantidade de pessoas tem medo de perder suas casas.

Fonte: RFI
Data original da publicação: 04/11/2022

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