Um cenário impensável para a Europa até muito pouco tempo. Na Espanha a crise econômica começa a apresentar a sua face mais dura: a taxa de desemprego atinge o valor recorde de 25% no terceiro trimestre.
De acordo com o Instituto Espanhol de Estatística, há quase 5,8 milhões de pessoas sem trabalho. Um nível nunca visto desde o fim da ditadura. Em 2005, havia menos de 1,8 milhões. As previsões econômicas e as duras medidas de austeridade, na ordem de 60 mil milhões de euros até 2014, apontam para crescimento das taxas de desemprego, até atingir 26% no próximo ano.
Com esta quantidade de desempregados, os mais atingidos são os menos experientes: 52% dos jovens não encontram trabalho. Em 16 províncias, a taxa supera 30%. Em Ceuta, 41% não têm emprego. Com o final do verão, período em que o turismo gera certa atividade econômica, o clima é de tensão. Entre julho e setembro, 85 mil novos empregos foram perdidos. Em um ano, 835 mil vagas foram abolidas e sindicatos alertam que a tendência continuará. Mas a pior marca da crise é a constatação de que, em 1,7 milhão de domicílios, nenhum dos moradores tem emprego e a renda de famílias inteiras desabou.
Como consequência desse cenário, volta com toda força a migração de trabalhadores. Em um ano e dez meses, quase 800 mil pessoas deixaram a Espanha. Por dia, o êxodo atinge 200 pessoas. Pela primeira vez, o número de espanhóis inscritos em cursos de alemão superou aqueles que aprendem inglês, num sinal da busca de esperança na maior economia da Europa, que tem uma taxa de desemprego de apenas 6%.
Fonte: compilação de informações das agências Reuters, O Estado de S.Paulo e AFP
Texto: Charles Soveral