Trabalho e conflito docente: experiências em escolas de educação profissional no Brasil e na Argentina

Autor(a): Savana Diniz Gomes Melo
Orientador(a): Dalila Andrade Oliveira
 Ano: 2009
 Tipo: Tese de Doutorado
 Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação
 Repositório: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG
 Resumo: Esta tese buscou compreender as ações dos docentes ante as reformas da educação profissional da década de 1990, no Brasil e na Argentina. O problema de investigação residiu no fato dessas reformas haverem ocorrido no contexto mais amplo de reformas dos Estados e de reformas educacionais desses países que, sob a lógica do gerencialismo, acarretaram significativas mudanças na relação estabelecida com a sociedade, com os destinatários das políticas públicas e com os trabalhadores, inclusive os do próprio Estado. Como resultado desses processos de reconfiguração, destacou-se, entre outros, o ajuste empreendido sobre o trabalho, que representou perdas de direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores. As reconfigurações dos Estados tiveram êxitos em muitos de seus propósitos. Embora os processos tenham enfrentado resistência, esta não foi suficiente para revertê-los. No setor da educação, as reformas implicaram modificações na organização da escola e do trabalho docente. Em paralelo, o conflito protagonizado pelos docentes contra políticas consideradas prejudiciais à educação, à escola pública e aos seus trabalhadores adquiriu maior expressão, sobretudo no âmbito sindical. No campo da educação profissional, esses processos também se expressaram com particularidades que o presente estudo buscou demonstrar. O objetivo da investigação foi examinar o movimento de adesão e/ou resistência dos docentes no dia-a-dia de seu trabalho, no contexto estudado, analisando a natureza, a motivação, o sentido e o significado das manifestações de conflito emergentes das transformações ocorridas na organização escolar e na organização do trabalho escolar em uma escola técnica argentina e uma brasileira. Em síntese, pretendeu-se evidenciar e analisar os processos representativos de resistência em curso nas práticas docentes dessas escolas. A investigação se configurou como estudo de casos comparados, contando com pesquisa documental e instrumentos de coleta de dados quantitativos (questionário) e qualitativos (entrevistas, depoimentos e observação de campo). O estudo evidenciou convergências e divergências no que tange às reformas e às políticas públicas para a educação profissional, à organização dos sistemas de ensino, à organização escolar e ao trabalho docente, entre outras. Seus resultados comprovaram haver resistência cotidiana dos docentes nas escolas pesquisadas e que as ações empreendidas no enfrentamento das dificuldades diárias de seu trabalho revelam tanto traços de reprodução da lógica do capital quanto de oposição a ela. Em geral, contrapondo-se à precarização do trabalho, algumas dessas ações são empreendidas como estratégias deliberadas de indivíduos e/ou grupos, chegando, às vezes, a constituir-se em movimentos coletivos fora dos sindicatos, como se verificou no caso argentino. Em ambos os países, a resistência manifestada por diferentes motivações, formatos e freqüência se apresenta complexa, difusa, implícita, nem sempre visível, mas, através dela, os docentes obtêm alguns ganhos imediatos, distintos dos obtidos pela via sindical. Do estudo, pôde-se depreender que as ações de resistência cotidiana dos docentes, ao apresentarem o sentido de acúmulo de forças e ensejarem potencialidades emancipatórias, podem chegar a contribuir com a luta mais ampla da classe trabalhadora em momentos em que essa seja generalizada, oportuna e potencialmente transformadora das relações sociais.
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