Enquanto o movimento das mulheres para ganhar as ruas e o mercado de trabalho continua avançando, o dos homens em direção ao ambiente doméstico parece estacionado.
De acordo com o estudo Estatísticas de Gênero, divulgado pelo IBGE, as mulheres trabalham em casa por mais de 18 horas por semana, 7,6 a mais do que os homens.
Considerando apenas as pessoas com outras ocupações, a carga horária é ainda maior. São 18,6 horas entre mulheres negras e a diferença chega a oito horas e meia no nordeste.
A diarista Euciléia de Lima sabe bem o que é isso. E tudo sem a contribuição do marido.
Caroline Santos, pesquisadora do IBGE, reforça que essa diferença além de significar sobrecarga, impacta na vida profissional das mulheres que acabam optando por trabalhos informais ou com jornadas menores para conciliar com o trabalho doméstico.
E, novamente, a questão racial aprofunda as desigualdades: 31,3% das mulheres negras estão em trabalhos parciais contra 28,2% das mulheres em geral e 14,1% dos homens.
Atualmente, a tradutora Déborah Leão trabalha como freelancer justamente para conciliar os cuidados com os dois filhos. Mas a situação já foi inversa e ela considera que a divisão dos trabalhos domésticos entre ela e o marido é justa. Fruto de muita negociação.
E também por causa disso, as diferenças entre gênero se estendem aos rendimentos e as mulheres ganharam em 2016, 76,5% do que ganharam os homens. Mesmo considerando apenas trabalhadores parciais, a proporção foi de 86,7%.
O IBGE também identificou que a situação piora com a qualificação, já que para cada R$1,00 recebido por um homem com ensino superior, uma mulher com o mesmo nível de escolaridade ganhou apenas R$0,63.
O estudo do IBGE foi feito com base no conjunto mínimo de indicadores de gênero proposto pela Organização das Nações Unidas, a partir de indicadores já produzidos pelo instituto ou outros órgãos.
Fonte: Agência Brasil
Texto: Tâmara Freire
Data original da publicação: 07/03/2018