Trabalhadores fazem manifestação nacional na quinta-feira, dia 11

Os recentes protestos em todo o País têm levado para as ruas uma gama variada de pautas e manifestantes. Convocadas, em sua maioria, por estudantes engajados contra o aumento das tarifas do transporte público, as mobilizações deverão ganhar a adesão, a partir de agora, da classe trabalhadora organizada. É o que prometem centrais sindicais e movimentos sociais que, na próxima quinta-feira, 11 de julho, promoverão um dia de paralisação nacional.

As manifestações reunirão sete centrais sindicais (CUT, CTB, Força, UGT, CSP/Conlutas, CGTB, CSB e NCST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que farão paralisações e atos em todo o país. O objetivo é pressionar o governo a atender demandas que beneficiem os trabalhadores.

A pauta de reivindicações, composta por oito pontos centrais, foi entregue à presidenta Dilma Rousseff depois da Marcha da Classe Trabalhadora, realizada por todas as centrais em março deste ano. Até o momento, porém, não houve qualquer avanço nas questões, como explica o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes. “Já tivemos uma série de reuniões com o governo, e a coisa não tem andado. Por conta disso vamos começar a nos movimentar”, afirma.

A unidade das centrais em torno do tema é destacada pelo secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. Segundo ele, as ações conjuntas são ainda mais necessárias diante da situação atual da economia. “Com os tempos que estamos vivendo hoje, com a alta dos juros e da inflação, é importante ter essa unidade das centrais sindicais para fortalecer aquilo que foi negociado em Brasília”, diz.

Os protestos que vêm ocorrendo há cerca de um mês por centenas de cidades brasileiras também motivam as entidades. Para o secretário nacional de Finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, o momento é positivo para se obter conquistas. “Estamos há um bom tempo fazendo mobilizações com a pauta da classe trabalhadora e, dado o momento conjuntural, evidentemente que a possibilidade de conquista é maior”, avalia.

De acordo com o membro da coordenação da CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, as manifestações dos trabalhadores deverão aumentar a força dos protestos até agora protagonizados pela juventude. “Queremos fazer uma grande paralisação nacional para aumentar a força das mobilizações que estão nas ruas e forçar o governo a atender as demandas dos trabalhadores e da juventude”, frisa.

Pautas

A plataforma unitária das centrais e do MST inclui pontos como aumento dos investimentos públicos em educação, saúde e transportes; redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução dos salários; cancelamento dos leilões do petróleo; realização da reforma agrária e o fim do fator previdenciário.

A questão da precarização das condições de trabalho também aparece na pauta, simbolizada na luta contra o Projeto de Lei nº 4.330/04. De autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), o texto propõe a regulamentação da terceirização nos setores público e privado. O PL tem sido duramente criticado pelas centrais sindicais, que veem na proposta uma forma de flexibilizar ainda mais os direitos trabalhistas.

Quintino Severo, da CUT, lembra que os terceirizados enfrentam hoje as piores condições de trabalho, na medida em que não contam com direitos assegurados pela legislação. Se a matéria for aprovada, a tendência é de que a situação se agrave. “Esse projeto permite terceirizar tudo, atividade-meio e atividade-fim, fazendo com que acabem, de uma vez, todas as relações de contrato de trabalho no Brasil”, pontua Severo.

A votação do projeto de lei na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara está prevista para julho. Além desses pontos, as organizações apoiam outros temas, como a reforma política e o plebiscito popular sobre o assunto; reforma urbana; democratização dos meios de comunicação; e o fim da violência e repressão contra a juventude negra, povos indígenas e movimentos sociais em geral.

Dilma

Para reforçar as exigências junto ao governo, representantes das centrais se reuniram com Dilma Rousseff em 26 de junho, em Brasília. Durante o encontro, a presidenta enfatizou que não aprovará qualquer projeto sem acordo prévio entre trabalhadores, empresários e governo. Além disso, garantiu que o diálogo com as centrais sindicais será permanente e que, até agosto, será dada uma resposta a todas as reivindicações.

A reunião, porém, gerou críticas das centrais. De acordo com os sindicalistas, durante a audiência, a presidenta falou por 40 minutos, deixando apenas cinco minutos para cada representante das entidades. Ao final, não houve encaminhamento de nenhum dos pontos apresentados.

Para Juruna, da Força Sindical, Dilma precisa ter uma postura diferente, mais aberta ao diálogo com os diferentes atores do país. “É importante que nossa presidenta, a exemplo do presidente Lula, tenha capacidade de abrir para mais diálogo com as entidades”, cobra.

Outra mudança necessária, de acordo com José Maria de Almeida, é o abandono do atual modelo econômico, que segue privilegiando os setores econômicos mais fortes. Ele defende que, sem a adoção de outro tipo de política, as demandas dos trabalhadores não poderão ser efetivamente contempladas.

“O Brasil tem recursos e riquezas para resolver cada uma das mazelas que vem sendo denunciadas nas manifestações de rua do país. Só não faz porque o dinheiro é remetido para bancos, grandes empresas, agronegócio”, ressalta o membro da CSP-Conlutas.

Para Wagner Gomes, da CTB, a expectativa é de que a mobilização nacional do dia 11 consiga destravar as pautas dos trabalhadores. Caso isso não ocorra, a tendência é de que o movimento se intensifique. “Se as coisas não caminharem vamos nos reunir e ver outro tipo de luta para conseguir avançar com essa pauta”, adianta.

Fonte: Brasil de Fato
Texto: Patrícia Benvenuti
Data original da publicação: 08/07/2013

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