Um lado menos observado do mercado de trabalho, mas não menos importante, é o do tempo de procura por um emprego, um termômetro da dificuldade que o trabalhador enfrenta para conseguir uma nova vaga. Na região metropolitana de São Paulo, depois de um certo período de recuperação, achar uma nova ocupação demora cada vez mais. Em março, último dado disponível, a média era de 47 semanas, quase um ano. No mesmo mês de 2015, foi de 24 semanas. Assim, em três anos, o período praticamente dobrou.
Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República, em 1995, o tempo médio era de 22 semanas – em março. Em seu último ano no poder (2002), estava em 52 no mesmo mês, ou 136% a mais. Exatamente um ano de procura, conforme dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Fundação Seade, de São Paulo, e do Dieese.
No primeiro ano do governo Lula, em março de 2003, esse período estava praticamente igual: 53 semanas. Foi diminuindo gradualmente até chegar a 35 semanas e continuou caindo com Dilma, até chegar às 24 semanas de 2015, chegando próximo ao nível de 1995. De lá para cá, só aumentou.
Alguns fatores explicam esse crescimento. O desalento é um dos motivos: diante das dificuldades de encontrar uma vaga, a pessoa simplesmente desiste de procurar. E correr atrás de um emprego também custa dinheiro, envolvendo gastos com transporte e alimentação.
O IBGE também detecta esse movimento. O número de desalentados no país – os que desistem de procurar – chegou a 4,3 milhões no país em 2017, maior número da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Embora o número oficial médio de desempregados no Brasil tenha sido de 13,2 milhões no ano passado, o total de pessoas disponíveis para trabalhar, mas que não conseguiram por diversos motivos, chegou a 26,5 milhões.
Fonte: RBA
Texto: Vitor Nuzzi
Data original da publicação: 09/05/2018