Milhares de pessoas protestam nesta quarta-feira (4) na Colômbia contra o governo de Iván Duque. Esta terceira greve geral no país acontece no dia seguinte de uma primeira tentativa de diálogo fracassada entre o governo e os líderes das manifestações que sacodem o país há 14 dias.
A expectativa é que esta terceira greve geral na Colômbia mobilize tanto quanto a primeira paralisação em 21 de novembro, quando centenas de milhares de colombianos cruzaram os braços e saíram às ruas. O objetivo dos organizadores é aumentar a pressão contra o governo de direita, que assumiu o poder há 16 meses, e suas políticas econômicas e sociais.
Desde as primeiras horas do dia, jovens, indígenas e sindicatos se concentravam nas principais cidades do país sob vigilância policial e militar. Em Bogotá e Cali, os bloqueios rodoviários afetaram os sistemas de transporte público e a mobilidade.
O comércio, no entanto, funciona normalmente. “Estou marchando porque queremos paz neste país, queremos que as promessas de melhores oportunidades para nós e para as próximas gerações sejam cumpridas”, disse o professor universitário Azuvia Licón.
Entre as diversas reivindicações sociais, os manifestantes querem também agora punição para os autores da repressão que levaram à morte de Dilan Cruz, um rapaz de 18 anos, em 25 de novembro.
Estratégias comerciais
O presidente Iván Duque, que enfrenta o maior desafio popular do país desde os anos 1970, pediu a suspensão das marchas nesta quarta-feira para evitar os “efeitos econômicos” dos protestos, que, segundo ele, atingem perdas de US$ 285 milhões. Duque pede um diálogo nacional para superar a crise.
Desde o início do movimento, as manifestações ocorrem diariamente em Bogotá e outras cidades. Os protestos deixaram ao menos quatro mortes e 500 feridos entre civis, militares e policiais, além de danos milionários a estruturas públicas e privadas.
Comerciantes são contrários ao movimento alegando danos econômicos que ele acarreta, principalmente nessa época do Natal, quando registram as maiores vendas do ano. “Estamos implementando estratégias para fortalecer o comércio”, disse José Duarte, secretário de Desenvolvimento Econômico de Bogotá, epicentro dos protestos desde 21 de novembro.
Embora tenha um crescimento econômico acima da média regional, a Colômbia também foi atingida por um movimento de revolta social que atinge outros países do continente, mas por causas diferentes. A quarta economia latino-americana apresenta altas taxas de desigualdade e desemprego e é a nação mais desigual entre os 36 parceiros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Sua taxa de desemprego é de 10,4% e a informalidade do trabalho afeta quase 50% dos trabalhadores.
Fonte: RFi
Data original da publicação: 04/12/2019