Eduardo Miguel Schneider
Segundo trimestre de 2017
1 – O mercado de trabalho metropolitano brasileiro
Em abril, o número de ocupados diminuiu em duas das quatro áreas metropolitanas pesquisadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED); Região Metropolitana de Porto Alegre (-1,6%) e de Salvador (-0,6%). De outro modo, houve crescimento da ocupação na Região Metropolitana de São Paulo (0,5%) e no Distrito Federal (2,4%). A comparação do resultado de abril com os registrados em igual mês do ano anterior – portanto, afastando-se os efeitos sazonais – também revela diferentes tendências entre as regiões pesquisadas. Houve retração do nível ocupacional nas regiões metropolitanas de Porto Alegre (-5,0%) e de São Paulo (-1,1%) e aumento no Distrito Federal (4,3%) e na Região Metropolitana de Salvador (1,6%).
Em abril, a taxa de desemprego total permaneceu relativamente estável em três áreas metropolitanas (regiões metropolitanas de Salvador, de São Paulo e no Distrito Federal) e variou positivamente somente na Região Metropolitana de Porto Alegre. Contudo, a tendência da taxa de desemprego total nos últimos 12 meses persistiu sendo de crescimento em todas as regiões pesquisadas, com destaque para o incremento ocorrido no Distrito Federal.
Gráfico 1 – Taxa de desemprego total – Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – Abril de 2016, Março de 2017 e Abril de 2017 (em % da PEA).
Em março, o rendimento médio real dos ocupados aumentou na maior parte das áreas metropolitanas investigadas; somente na Região Metropolitana de São Paulo o rendimento se reduziu. O Distrito Federal registrou o rendimento mais elevado entre as regiões pesquisadas (R$3.532). Por outro lado, o menor rendimento foi observado na Região Metropolitana de Salvador (R$1.479). Já a tendência do rendimento médio real nos últimos 12 meses foi de redução em duas regiões metropolitanas (Porto Alegre e São Paulo) e de aumento em outras duas (Região Metropolitana de Salvador e Distrito Federal).
A massa de rendimentos reais dos ocupados declinou em duas das três regiões metropolitanas com dados disponíveis nos últimos 12 meses findos em março. O destaque negativo coube a Região Metropolitana de Porto Alegre, onde a massa de rendimentos foi reduzida em 9,4%. Já a Região Metropolitana de Salvador experimentou crescimento da massa de rendimentos dos ocupados.
Gráfico 2 – Variação percentual anual da massa de rendimentos reais dos ocupados – Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – Março de 2016 – Março de 2017 – (em %).
2 – O mercado de trabalho formal brasileiro
Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o saldo entre trabalhadores admitidos e desligados no acumulado do trimestre entre fevereiro e abril de 2017 totalizou positivo no Brasil; foram quase 32 mil vínculos formais a mais.
Esse crescimento no emprego formalizado foi melhor que o saldo negativo registrado no trimestre imediatamente anterior (620 mil vínculos) e, também, menor que o resultado observado no mesmo trimestre do ano anterior (-286 mil vínculos). Tomando-se isoladamente os meses do trimestre em análise observa-se resultado positivo em fevereiro, negativo em março e novamente positivo em abril – maior saldo positivo entre os meses em questão.
Em termos regionais, três regiões geográficas do Brasil registraram saldos positivos em suas movimentações de trabalhadores no último trimestre (Tabela 7.2). As outras duas regiões experimentaram saldos negativos. Na Região Sudeste a movimentação de trabalhadores formais foi maior e encerrou o período acumulando um saldo positivo de 42 mil vínculos formais a mais. A Região Nordeste observou o pior resultado entre as regiões, com um saldo negativo de 68 mil vínculos.
Setorialmente, no acumulado dos meses entre fevereiro e abril de 2017, três setores observaram saldos positivos em suas movimentações: indústria, serviços e agropecuária (Tabela 7.3). Já a construção civil e o comércio registraram saldos negativos. O destaque positivo coube aos serviços e o negativo ao Comércio.
Já em termos da movimentação de vínculos de trabalhadores por faixa de remuneração, constata-se que a redução de vínculos ocorreu nos salários acima de 1,5 salários-mínimos (Tabela 7.4). Já entre os menores salários, até 1,5 salários-mínimos, houveram mais contratações que demissões. Essas estatísticas sugerem persistir a rotatividade de trabalhadores que caracteriza estruturalmente o mercado de trabalho brasileiro.
Nota: os valores totais excluem os registros com a informação de remuneração ignorada.
3 – Balanço das negociações de reajustes salariais em 2016
Segundo os dados divulgados pelo DIEESE, em 2016, apenas 18,9% das 714 negociações coletivas acompanhadas pelo Departamento obtiveram ganhos reais. Tomando-se a perspectiva da série histórica se observa que esse foi o pior desempenho desde 2003.
Gráfico 3 – Distribuição dos reajustes salariais em comparação com o INPC-IBGE
Brasil – 1996-2016
O índice de reajuste médio nas categorias pesquisadas em 2016 foi de -0,52%, percentual inferior ao registrado no ano anterior, quando ainda havia sido positivo em 0,20%. Setorialmente, todos os setores auferiram reajustes médios reais negativos: de -0,64% nos serviços, de -0,52% na indústria e de -0,24% comércio.
Eduardo Miguel Schneider é economista, técnico licenciado do Dieese; doutorando em Economia do desenvolvimento no PPGE/UFRGS/Bolsista CNPq.