A Confederação Internacional dos Sindicatos (CSI-ITUC) considerou na terça-feira (1º) fraca e decepcionante a resposta das autoridades do Catar em relação a acusações de trabalho escravo a nove anos do país receber a Copa do Mundo de 2022.
A entidade também criticou as condições de segurança nos canteiros de obras, avaliando em 400 por ano o número de mortes no local de trabalho. Na semana passada, a Confederação tinha afirmado que se ritmo atual for mantido, ao menos 4.000 operários imigrantes poderiam morrer antes da realização do torneio.
A denúncia de trabalho escravo havia sido feita em uma matéria publicada pelo jornal inglês “The Guardian”, que relatou que 44 operários nepaleses tinham morrido em 2013 em obras no Catar.
Na segunda-feira (30), o presidente do Comitê Nacional dos Direitos Humanos do Catar, Ali Al-Marri, reconheceu que “havia alguns problemas, por causa da existência de mais de 44.000 empresas no país”, mas que as autoridades faziam “esforços constantes para resolvê-los” e prometeu aumentar o número de inspetores do trabalho.
Os argumento que não convenceram Sharan Burrow, secretária-geral da CSI-ITUC. “Os inspetores do trabalho já existem, mas não têm nenhum impacto. É necessário criar leis que protejam o direito dos trabalhadores a aderir a um sindicato, a negociar coletivamente e a recusar trabalhos perigosos. Só então inspetores poderão fazer seu trabalho”, explicou Burrow em um comunicado.
“As leis do Catar dão aos empregadores o controle total sobre os trabalhadores. Por isso nenhum trabalhador pode se sentir à vontade para falar livremente com um inspetor do trabalho”, acrescentou.
A Confederação também entrou com um caso na Organização Internacional do Trabalho (OIT) para denunciar o sistema de visto de trabalho imposto aos imigrantes, que, de acordo com Burrow, “abre a possibilidade para os empregadores de recorrer ao uso do trabalho forçado”.
A entidade avaliou que a frequência de acidentes mortais era oito vezes maior no Catar do que em outros países com nível de riqueza semelhante.
“Apesar de dois anos de solicitações nossas, nem a Fifa nem as autoridades catarianas tomaram uma medida sequer para garantir os direitos fundamentais inscritos no direito internacional”, lamentou Burrow.
Fonte: G1, com AFP, com ajustes
Data original da publicação: 01/10/2013