Sindicatos e partidos de esquerda iniciam greve geral na Argentina

Uma greve geral promete parar a Argentina nesta quinta-feira (27/08). Desde o meio-dia da quarta-feira (27/08) são realizados piquetes e atos em diversas ruas e regiões do país. A expectativa de sindicalistas é que amanhã os voos internacionais “tenham atrasos ou sejam reprogramados”. Isso porque os responsáveis pelo controle de voos e outros técnicos do setor decidiram aderir à greve. Jogos de futebol também serão suspensos.

A adesão dos controladores foi confirmada pela assessoria de imprensa da CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos) em entrevista à emissora BBC. Eles protestam, junto com os aeroportuários, contra um projeto de lei para mudar as regras trabalhistas das categorias.

Entre as reivindicações das centrais estão questões relacionadas à causa trabalhista, como o combate à precarização e os aumentos para aposentados e do salário real. Demandas de política econômica, como o combate à inflação e mudanças na aplicação do imposto de renda para assalariados, também entraram na pauta dos manifestantes, que inclui ainda a revogação da lei antiterrorista e melhoria da segurança. Esta é a segunda greve convocada para este ano.

A mobilização é organizada por partidos de esquerda e setores sindicalistas contrários ao governo da presidente Cristina Kirchner. A expectativa é que maquinistas de trens, motoristas de caminhão de lixo, de carros fortes, bancários, funcionários do Judiciário, médicos do setor público e do setor privado e portuários não trabalhem. Também estão previstos bloqueios de ruas, estradas, avenidas e pontes.

A AFA (Associação de Futebol Argentino) decidiu ontem que os jogos marcados para amanhã serão suspensos já que os funcionários que trabalham nos estádios também vão aderir à paralisação.

O presidente da opositora CGT (Central Geral dos Trabalhadores), o caminhoneiro Hugo Moyano, por sua vez, afirmou que “a medida será muito importante, a paralisação será muito forte apesar da pressão, o temor e o medo que o governo tenta impor a muitas organizações sindicais, com promessas que seguramente não vão cumprir”.

Críticas

Sem o apoio de organizações sindicais como a UTA, que congrega trabalhadores do setor do transporte, a paralisação pode não ter o alcance esperado. Motoristas de ônibus de curta, média e longa distância, bem como os maquinistas do metrô, decidiram não paralisar as atividades.

“Estamos de acordo com as reivindicações, mas não com a ação”, explicou o titular da UTA, Roberto Fernández. Para ele, a paralisação “carece de um programa de ação e quer impor seu critério sem gerar consensos. Se não há um plano de luta, fazemos 24 horas de paralisação, e depois?”

O governo da presidente Cristina Kirchner criticou a convocação da paralisação, que classifica como de “natureza política”. Hoje, o chefe de gabinete, Jorge Capitanich, disse que “os trabalhadores dos setores que organizam a greve são os que mais tiveram aumento de salário” nos últimos anos.

O secretário de Segurança, Sergio Berni, por sua vez, ressaltou que o direito de greve é constitucional, mas pediu que os grevistas respeitem os que não quiserem se somar ao movimento. “Assim como nós respeitamos o direito de greve, pedimos que respeitem o direito e a decisão de todos os cidadãos que não querem aderir à paralisação”.

Capitanich disse ainda que “nunca antes houve um processo institucional que garantisse, como agora, a liberdade de emprego, o combate contra a precarização e um aumento significativo no salário real” dos trabalhadores.

Fonte: Opera Mundi
Data original da publicação: 27/08/2014

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