O alto escalão de servidores dos poderes Legislativo e Judiciário, que já provou ser capaz de atrapalhar planos de cortes de gastos na máquina pública, lançou uma bomba no colo da nova equipe econômica. As categorias desobedeceram a orientação de aplicar reajustes com base no orçamento disponível, ou seja, em não mais do que 15,8%, conforme decidido após a greve de 2012. No apagar das luzes de 2014, porém, os salários foram aumentados levando em conta a inflação dos últimos quatro anos. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e integrantes do Ministério Público da União (MPU), além de deputados e senadores, passarão a ganhar R$ 33.763 mensais.
O mau exemplo de cima se espalhou pela Esplanada e, em 2015, servirá de barganha por lideranças sindicais nas estratégias das campanhas salariais. Não será a primeira vez que os passos das “excelências” serão seguidos. A chamada “isonomia de ganhos e direitos” talvez seja a principal bandeira defendida no Executivo, com o reconhecimento da data-base e a revisão geral dos salários para servidores federais, estaduais e municipais.
Às vésperas do recesso de fim de ano, representantes de várias categorias levaram a indignação pela desigualdade no peso dos reajustes ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski. No encontro, alegaram a importância de recompor o poder de compra dos servidores diante da carestia — argumento compartilhado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os sindicalistas querem o apoio de Lewandowski no julgamento do Recurso Extraordinário (RE), nº 565089 — emperrado desde 2007 —, que contempla o direito ao reajuste anual.
Fonte: Correio Braziliense
Texto: Vera Batista
Data original da publicação: 28/12/2014