O governo do Rio Grande do Sul divulgou nota na noite de domingo, dizendo “respeitar e compreender as dificuldades” que o parcelamento dos salários, anunciado no dia 31 de julho, traria aos servidores do estado. Apesar da compreensão expressa no comunicado, o governo não fala em rever a política de parcelamento de 48% dos servidores.
“Na última sexta, em medida extrema, o poder público se viu obrigado a parcelar o salário de 48% do funcionalismo público. Respeitamos e compreendemos as dificuldades que isso impõe aos servidores e às suas famílias”, diz um trecho da nota.
Os servidores do estado amanheceram em ritmo de protesto contra alternativa do governo para equilibrar as contas. Na manhã de segunda-feira (03/08), cerca de quatro mil servidores, de acordo com o Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cepers), fizeram um ato público contra a decisão do governador José Ivo Sartori. Os servidores do estado fizeram uma paralisação.
Segundo a presidente do Cepers, Helenir Aguiar, mais de 93% das escolas não funcionaram durante o protesto. Desde a terça-feira (04/08) até o dia 17, as aulas terão horário reduzido. No tempo que sobrar, os alunos terão aulas de cidadania, para debater a situação do estado e dos servidores.
Os policiais civis não saíram às ruas para cumprimentos de mandados de prisão ou outras operações policiais. Os veículos policiais permaneceram estacionadas. Nas delegacias, foram atendidos apenas casos de maior gravidade, como homicídio, estupro, ocorrências envolvendo crianças e adolescentes e lei Maria da Penha, além de ocorrências em que os plantonistas julgassem imprescindível a intervenção da polícia.
O Governo do Estado, na mesma nota, pediu que os servidores “respeitem” a população e “o papel constitucional e institucional que possuem”. A nota diz ainda: “Temos convicção de que, neste momento do Estado, os líderes sindicais saberão adotar uma postura de respeito à população e ao papel constitucional e institucional que possuem. Estamos todos do mesmo lado e precisamos encontrar soluções conjuntas para superar o desequilíbrio financeiro”.
“Toda a prestação de serviço exige, como preceito fundamental, a sua devida contraprestação. Defender o contrário é pregar o trabalho escravo. Sem a retribuição pelo serviço prestado não há como se exigir a realização do trabalho”, disse o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Sinpol-RS), em nota. “O governo tem que respeitar os trabalhadores, que recebem no dia 30 de cada mês”, rebateu a presidente do Cepers.
O parcelamento foi anunciado na sexta-feira (31/07) pelo Governo do Estado, que informou que “sem alternativas para superar o déficit crescente dos últimos meses e com a arrecadação aquém das projeções, precisou escalonar o pagamento”.
Segundo o Governo, na sexta-feira (31/07), foi depositada uma parcela líquida de R$ 2.150 para todos os 347 mil funcionários. “Com esse teto, 52,8% dos funcionários receberam salário integral. Há mais duas parcelas: uma de R$ 1 mil, que será depositada até 13 de agosto, e a terceira, a ser paga até 25 de agosto”, informou o Executivo gaúcho, explicando que o déficit financeiro do estado é superior a R$ 400 milhões por mês e que, neste mês de agosto, haverá mais uma iniciativa para o ajuste das contas públicas.
Fonte: Agência Brasil
Texto: Marcelo Brandão
Data original da publicação: 03/08/2015