Salários estagnam segundo a OIT

O “relatório sobre a evolução dos salários” da Organização Mundial do Trabalho (OIT), publicado esta segunda-feira (24), indica que os salários reais continuam em níveis muito inferiores aos anteriores à crise financeira. Entre 2016 e 2017 o crescimento salarial desacelerou da média de 2,4% para 1,8%, o número mais baixo desde 2008.

Ainda segundo a OIT continua ainda a registrar-se uma diferença relativa de crescimento salarial, o que faz com que, nos países de maiores rendimentos, o crescimento seja menor do que nos países emergentes. Por isso, sem contar, por exemplo, com o forte peso da China, o crescimento mundial desce automaticamente de 1,8% para 1,1%. O mesmo fenômeno acontece ao nível europeu: se excluirmos o leste do continente, o crescimento dos salários caiu de 1,6% em 2015 para 1,3% em 2016 e atingiu mesmo os 0% no ano passado.

No mesmo dia, o relatório conjunto sobre emprego, da responsabilidade do Comissão e do Conselho europeus realça esta mesma estagnação de salários ao nível continental. E, na comparação entre o momento atual e início do século, só os italianos estarão piores que os portugueses. Num espaço de tempo mais limitado, entre 2015 e 2017, segundo as instituições europeias, a evolução real dos salários em Portugal foi mesmo negativa tal como em mais oito países da União Europeia.

Discrepâncias de gênero

O enfoque principal do relatório deste ano da OIT dirige-se explicitamente às discrepâncias de salário por gênero. A conclusão é que as mulheres continuam a receber um salário inferior em média 20% aos homens. Esta situação é qualificada pela organização como “inaceitável” e “uma das maiores manifestações de injustiça social”.

Estas diferenças de gênero variam de país para país. Nos países mais ricos, a divergência acentua-se nos salários mais elevados. Mas nos países com rendimentos médios e mais baixos é nos piores salários que a diferença salariais se manifesta.

Não é também surpresa outra das conclusões deste relatório: a desigualdade de gênero é maior no setor privado. Assim, em Portugal, o fosso é de 23,7% no setor privado e 13,5 no público. O relatório sublinha igualmente que 88% deste fosso não se explica por razões de formação ou habilitações.

Fonte: Esquerda.net
Data original da publicação: 26/11/2018

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *