Salário mínimo em Portugal cada vez mais longe da média da União Europeia

Há cinco anos, o valor médio na UE era de 708 euros, em paridades de poder de compra. Em 2014, passou para os 823 euros, de acordo com dados do Eurostat. E se em 2009 o salário mínimo em Portugal correspondia a 83% da média, em 2014 passou para 80%. Quando se olha para a evolução dos salários mínimos na União Europeia (UE) durante o período da crise, percebe-se que Portugal afastou-se da média europeia entre 2009 e 2014.

Os valores usados pelo Eurostat para os casos dos países em que o salário é pago em 14 meses, como em Portugal, são ajustados. É essa a explicação para que o valor usado pelo Eurostat para Portugal seja de 659,74 euros mensais em 2014 [equivale a (485×14)/12 + paridade do poder de compra].

Países como o Reino Unido e a Holanda estão entre os que apresentam as maiores quedas. Pelo contrário, Letônia, Eslovênia, Polônia e Hungria melhoraram a sua posição.

Gráfico: Jaime Figueiredo

Mais aumentos a leste

Por outro lado, Portugal foi o quinto país com o menor aumento de salário mínimo entre 2009 e 2014. A última subida deu-se em 2011, quando passou de 475 para 485 euros (645,65 para 659,74 com paridade de poder de compra). Depois disso, e até hoje, não voltou a sofrer alterações.

No topo da lista estão novamente os países do Leste europeu, em particular a Letónia, Bulgária, Hungria e Eslovênia. Na Letônia, por exemplo, o salário aumentou quase para o dobro (de 336 euros em 2009 para 642 euros em 2014). Na Bulgária, passou de 239 euros para 360 euros.

Os quatro países que mais aumentaram o salário mínimo aderiram à União Europeia nos últimos anos: em 2004, nos casos da Letônia, Hungria e Eslovênia; em 2007, no caso da Bulgária.

Quanto aos valores nominais dos salários em 2014, percebe-se que no topo da lista continua a estar o Luxemburgo (1921 euros de salário mínimo), a Bélgica (1502 euros), a Holanda (1486 euros) e a Irlanda (1462 euros). No caso da Irlanda, intervencionada pela troika, o valor nominal do salário não sofreu alterações desde 2009.

Se estendermos o olhar à Europa, há casos como a Dinamarca, Itália, Áustria, Finlândia, Islândia, Suécia, Noruega e Suíça onde não existe salário mínimo nacional legal. Nos casos de Chipre e Macedônia, o salário mínimo não se aplica à generalidade das pessoas, mas sim apenas a alguns grupos específicos. Na Alemanha, foi anunciado no início do mês de Abril a aprovação do salário mínimo de 8,5 euros por hora.

Para visualizar os detalhes das diferenças salariais na Europa segundo a Eurostat, clique aqui.

Fonte: Expresso/Sapo, com alterações
Texto: Raquel Albuquerque
Data original da publicação: 08/04/2014

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