O número de pessoas em situação de pobreza nas metrópoles brasileiras chegou a 19,8 milhões em 2021, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012, enquanto mais de cinco milhões de brasileiros estão abaixo da chamada linha de extrema pobreza.
Segundo a nona edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles, a taxa de pobreza entre 2014 e 2021 saltou de 16% para 23,7% – em termos absolutos, 7,2 milhões de pessoas entraram em situação de pobreza nas metrópoles brasileiras em sete anos.
No caso da extrema pobreza, a taxa no mesmo período mais do que dobrou, passando de 2.7% para 6.3%. Em termos absolutos, foi um aumento de 2.1 para 5.2 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza nas grandes cidades.
Em nota, um dos coordenadores do estudo, o professor da PUCRS André Salata, explica que houve um aumento “muito grande” da pobreza e da extrema pobreza, com destaque para o salto visto no período entre 2019 e 2021 apesar da melhora de alguns indicadores por conta do pagamento do Auxílio Emergencial de R$ 600.
Entretanto, a interrupção dos pagamentos no primeiro trimestre de 2021, assim como a redução da cobertura e do valor pago, fez com que os indicadores saltassem em 2021, em especial aqueles relacionados com a pobreza.
Coeficiente de Gini avança em sete anos
Em 2014, o coeficiente de Gini – quanto maior o seu valor, maiores são as desigualdades de rendimentos – para o conjunto das regiões metropolitanas era de 0,538. Em 2019, ele havia subido para 0,562. E em 2021, no período de pandemia, chegava em 0,565.
Considerando apenas a região metropolitana do Rio de Janeiro, o coeficiente de Gini saltou de 0,518 para 0,581 entre 2014 e 2021. Outras cidades com avanços expressivos foram Natal, onde o coeficiente de Gini variou de 0,529 para 0,588, e Florianópolis, que subiu de 0,453 para 0,484 no mesmo período.
O levantamento também destaca a queda da média de rendimentos para seus menores patamares da série histórica: se o rendimento médio em 2019 era de R$1.935, em 2020 ele havia caído para R$1.830, e em 2021 chegava a R$1.698.
No Distrito Federal, a renda média caiu de R$2.784 para R$2.476 naquele período. Na região metropolitana de Recife a queda foi de R$1.593 para R$1.079. E em Porto Alegre foi de R$2.218 para R$1.947.
Veja mais sobre o avanço da pobreza e da extrema pobreza no Brasil na nona edição do Boletim de Desigualdades, produzido em parceria pelo Observatório das Metrópoles, a PUC do Rio Grande do Sul e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
Fonte: GGN
Texto: Tatiane Correia
Data original da publicação: 08/08/2022