Resumo: | Este estudo objetiva analisar a relação capital-trabalho dentro do sistema prisional como um espaço para o exercício do trabalho escravo contemporâneo através da mediação do Estado. Abordamos o tema a partir da crítica da economia política de Karl Marx e discutimos como a mediação do Estado nas relações sociais que constituem e permeiam o sistema penal criminaliza e transforma parte da classe trabalhadora, outrora exército ativo ou de reserva, em exército de reserva encarcerado apto para ser explorado em condições análogas à escravidão. Tal processo tende a não se restringir apenas aos encarcerados, pois reproduz e intensifica as péssimas condições de trabalho para os agentes, gestores e profissionais liberais. O método utilizado para abarcar nossas análises foi o materialismo histórico, a fim de compreender a essência das relações sociais observadas durante os oito meses de pesquisa in loco e das entrevista semiestruturadas. Durante as análises, demonstramos como as condições e as relações de trabalho, a opressão e exploração postas na sociedade capitalista se reproduzem no cárcere e como o Estado, por meio dos governos – estaduais e federal -, que gerem as unidades prisionais, negligencia o atendimento das necessidades básicas das pessoas privadas de liberdade, sobretudo quanto à possibilidade da venda da força de trabalho para reproduzir sua existência. Diante desse panorama, a luta pela constituição da consciência de classe é uma urgência da nossa formação social, e isso será possível se for concomitante à luta pela emancipação humana.
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