Desde terça-feira (15/03) os trabalhadores da Educação estão realizando paralisações, passeatas e outras atividades em protesto contra a precarização das condições de trabalho e do ensino no Brasil. Em São Paulo, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) realiza a Conferência Popular de Educação, que também vai discutir pautas como reorganização escolar, os desvios da merenda e reajuste salarial dos professores.
Em todo o país, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e outros sindicatos filiados prometem mobilizar a categoria para exigir dos governos federal, estaduais e municipais a valorização da educação e o cumprimento da legislação, como a Lei do Piso (Lei 11.738/2008).
“É muito engraçado que muitos desses governadores que dizem que não vão cumprir piso, ou seja, a lei, são governadores que estão patrocinando o golpe para tirar a presidenta da República. É importante que a sociedade observe isso”, comenta o presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão,em entrevista nesta terça-feira à Rádio Brasil Atual.
Os trabalhadores também se colocam contra a privatização das escolas públicas. Franklin cita o caso de Goiás, onde o governador Marconi Perillo (PSDB) está repassando a administração de cerca de 300 unidades para organizações sociais (OSs). “O estado está abrindo mão de um dever e passando para OSs que, inclusive, muitas delas têm um histórico bastante discutível sobre a sua capacidade de gerenciar a educação. O interesse privado está prevalecendo.”
Outro problema apontado pelo dirigente é a “militarização” das escolas públicas. Vídeos divulgados na internet mostram alunos batendo continência e marchando em pátios de colégios que já adotaram esse modelo. “Acham que militarizando escolas acabam com a violência, disciplinam os alunos, com um outro modelo de educação. Isso é conversa fiada. Escola não é quartel.”
Conferência em SP
Segundo a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, a Conferência Popular de Educação, que ocorre entre hoje e quinta-feira, em frente à Secretaria Estadual de Educação, na Praça da República, centro de São Paulo, é uma extensão das pautas de luta de 2015, marcado pela greve de professores e pelo movimento contra a reorganização proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), que culminou com a ocupação de mais de 200 escolas e o anúncio de recuo por parte do governador.
“O objetivo central dessa conferência é reafirmar a posição de luta pela escola pública de qualidade”, afirma Bebel, que aposta na união de pais, alunos e professores para pressionar por melhores condições nas escolas. Sobre a merenda, além dos desvios, que Bebel classifica como “descarados”, alunos também reclamam da baixa qualidade do cardápio oferecido.
As atividades terminam na quinta-feira, com a entrega de um manifesto na Secretaria Estadual da Educação. No mesmo dia, às 17h, os professores realizam ato pela abertura da CPI da merenda na Assembleia Legislativa.
Fonte: Rede Brasil Atual
Data original da publicação: 15/03/2016