Precarização na rede paulista afasta interessados na carreira de professor

Salas de aula lotadas e sem professores. Várias escolas da rede estadual paulista ficaram sem professores no retorno do ano letivo, na última semana, devido a uma falha na gestão de contratos temporários. Para esses casos, os professores precisam ficar 40 dias sem contrato com o Estado a cada período de um ano para que não seja caracterizado vínculo empregatício.

Assim, para que os professores temporários pudessem estar nas escolas no dia 27 de janeiro, quando as aulas retornaram na rede estadual de São Paulo, os contratos deveriam ter sido interrompidos no dia 18 de dezembro, o que não ocorreu.

Para a educadora e coordenadora da Subsede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) de Suzano, Ana Lúcia Ferreira, há um estado de “total exclusão” e uma tentativa de equiparar todos os trabalhadores da educação com a categoria “O”, a mais precarizada.

“O governo exclui completamente, é um regime de exclusão mesmo. Ele não está preocupado com a educação. Se tivesse não teria esse contrato precário. Agora ele abriu as pernas mesmo. Ele autorizou tudo quanto é acumulo. Então o professor que é efetivo ele pode trabalhar como “O”, o professor que é “F” pode trabalhar como “O”. Então, ele está autorizando o professor a pegar até 65 aulas. Então a lógica dele é essa, não tem professor escraviza quem está na rede”.

O Ministério Público de São Paulo deve investigar a responsabilidade pela falta de professores na primeira semana de aula da rede estadual de São Paulo. A informação foi divulgada na segunda-feira (3).

O objetivo, segundo o promotor João Paulo Silva, é descobrir quantas escolas estaduais ficaram sem professor e pedir um cronograma de reposição de aula.

O estado de São Paulo possui atualmente um déficit de mais de 50 mil professores efetivos na rede de ensino, ou seja, 21%. Segundo a Secretaria de Educação, a rede estadual possui 260 mil professores.

Recentemente o Estado realizou concurso para 59 mil vagas de professor. Pelo menos 20 mil devem assumir em março no lugar dos temporários. Ana Lúcia prevê uma situação de caos nos próximos meses.

“A posse dos professores será em março, teve atribuição de aula agora. Chega em março ele [Governo do Estado] vai mexer com a rede toda de novo. Serão mais professores desempregados e mais erros de pagamento porque vai ter um monte de professor que vai mudar de escola, aí muda sede de exercício, muda tudo. Então é politicagem, é ano de eleição ai já viu”.

Ainda de acordo com a coordenadora da Apeoesp, a precarização da categoria tem desestimulado o ingresso de novos professores na carrreira.

“Ainda há falta de professores e esses 48% de falta não é falta de professor efetivo, é falta de professor. Não tem professor na rede, ninguém quer ser professor mais”.

Mesmo utilizando de um grande número de professores temporários, que cresceu 69% desde maio de 2012, o Governo do Estado não consegue preencher todas as aulas. Atualmente existem cerca de 22 mil servidores do setor em licença médica.

Fonte: Radioagência NP
Texto: Leonardo Ferreira
Data original da publicação: 04/02/2014

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