Por um novo modelo de gestão das relações de trabalho para empresas recuperadas por trabalhadores: processos de formação integral e continuada

Autora:Maria das Graças de Lima
Orientador:Odair Furtado
Ano:2017
Tipo:Tese de Doutorado
 Instituição:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia: Psicologia Social
 Repositório:Biblioteca Digital da PUC-SP
 Resumo:Esta pesquisa caracterizada como um estudo de caso, teve como objeto de investigação, as relações de trabalho em Empresas Recuperadas por Trabalhadores (ERTs): UNIFORJA E CONES. Estas são empresas que nasceram a partir da falência de empresas capitalistas e se tornaram cooperativas que funcionam sob o regime de autogestão. A investigação e análise procuraram compreender em que medida estas ERTs, depois de quase 20 anos de existência, conseguiram se manter fiéis ou não ao sistema de autogestão, buscando identificar em suas práticas cotidianas contradições e ambiguidades, e possibilidades de superação dessas contradições, já que estão inseridas que estão no mercado capitalista, subjugadas à lógica de produção e reprodução do capital. O ponto central da investigação se assenta no princípio da autogestão como radicalidade na prática da democracia direta que busca o sentido de sua generalização na sociedade, como meio e fim da luta dos trabalhadores contra o capitalismo. O que encontramos foi a reprodução das relações de trabalho do sistema capitalista, mescladas com algumas poucas inovações promovidas pela tentativa de se ser fiel aos princípios da autogestão. Contudo, a autogestão aparece cambaleante devido as relações de poder hierarquizadas, baseada na relação igualitária de direitos e deveres, sem, no entanto, ser capaz de promover a igualdade de condições, sem equiparação de saberes, sem formar novas lideranças e sem formação da consciência crítica dos trabalhadores, nem sequer sobre sua condição de trabalhadores. Nesta medida podemos falar em uma divisão de classes entre os (as) sócios (as) trabalhadores (as) das ERTs a partir das desigualdades nas retiradas, do desnível de conhecimentos, da formação ideológica dos líderes e da divisão social do trabalho que permanece produzindo alienação. Enfim a análise corroborou nossa suspeita inicial de que ao utilizar as mesmas estruturas e formas de organização da produção e gestão do trabalho, as ERTs colocam em risco a prática da autogestão. Assim, concluímos que é mister a criação de um novo modelo de organização da produção e gestão do trabalho, a partir dos princípios autogestionários de democracia e igualdade, com a participação autentica dos trabalhadores em todos os processos de planejamento, organização da produção e da gestão, tendo como objetivo a superação do trabalho alienado. Tomando como base a análise das condições objetivas e subjetivas que encontramos nas ERTs pesquisadas, considerando suas ambiguidades e contradições geradas pelas continuidades e descontinuidades nos processos de organização da produção e gestão do trabalho, compreendemos que o objeto de um novo modelo de gestão das relações de trabalho é a efetiva participação dos trabalhadores na gestão do trabalho, e o objetivo é a superação do trabalho alienado. Assim concluímos com a apresentação de uma proposta para o desenvolvimento de um Modelo de Gestão das Relações de Trabalho, ancorados a partir de dois eixos de atuação: O desenvolvimento de Processos de Formação Integral e Continuada para todos (as) sócios (as) trabalhadores (as); e a criação e/ou a participação em Redes Solidárias.
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