Por diferença pequena, suíços aprovam cotas para imigração

Os eleitores suíços aprovaram no domingo (09) em um referendo a proposta para introdução de cotas de imigração para cidadãos de países da União Europeia.

Os resultados finais mostram uma diferença pequena, foram 50,3% votos a favor.

A Suíça não é parte da União Europeia, mas adota grande parte das políticas do bloco.

No entanto, com este resultado, fica inválido o acordo entre a Suíça e a União Europeia, sobre a liberdade de movimentação entre o bloco e a Suíça.

A correspondente da BBC em Genebra Imogen Foulkes afirma que o resultado mostrou as divisões tradicionais dentro do país, com as áreas que falam francês contra as cotas de imigração, as áreas que falam alemão divididas e a área que fala italiano, o cantão de Ticino, a favor das restrições.

Mas a jornalista lembra que o resultado também significa que os ministros suíços terão que se explicar para as autoridades da União Europeia em Bruxelas.

“Este é o resultado que o governo e os líderes empresariais suíços mais temiam: apoio para as cotas de imigração, pela menor das margens. Na Suíça a palavra dos eleitores é final e o governo agora terá que informar a União Europeia que quer ‘renegociar’ seu acordo bilateral sobre a livre movimentação das pessoas”, afirmou Foulkes.

“Grande erro”

Em uma declaração, a Comissão Europeia afirmou que lamenta que uma “iniciativa para a introdução de limites quantitativos para a imigração tenha sido aprovada com esta votação”.

“Isto vai contra o princípio de livre movimentação de pessoas entre a União Europeia e a Suíça. A União Europeia vai examinar as implicações desta iniciativa nas relações entre o bloco e a Suíça como um todo.”

O referendo na Suíça ocorreu em meio a um crescente debate em toda a Europa sobre imigração e o impacto da livre movimentação de pessoas pelo bloco.

A economia da Suíça está bem, no momento, e o desemprego é baixo. Mas muitos suíços temem uma onda de imigração.

Um quarto da população da Suíça, de 8 milhões de pessoas, é estrangeira e, em 2013, 80 mil novos imigrantes chegaram ao país.

Desde 2007 a maior parte dos 500 milhões de residentes da União Europeia têm os mesmos direitos dos suíços no mercado de trabalho do país, resultado de uma política que foi transformada em lei depois de um referendo no ano 2000.

Mas a coalizão liderada pelo Partido Popular Suíço, de direita, quer reverter esta lei, afirmando que a aprovação dela foi um “grande erro”.

Os que apoiam as cotas de imigração acreditam que a livre movimentação de pessoas está pressionando setores como habitação, saúde, educação e transporte. Eles também afirmam que os funcionários estrangeiros fazem com que os salários diminuam.

Mas o governo e os líderes do setor empresarial suíço afirmam que a livre movimentação é a chave para o sucesso econômico do pais, permitindo que os empregadores escolham funcionários mais habilidosos de vários países da Europa e, de acordo com a correspondente da BBC em Genebra, os empresários suíços acreditam que vão perder competitividade se não puderem mais empregar quem eles quiserem.

Foram necessários anos de negociações para fechar os acordos bilaterais entre a Suíça e a União Europeia.

E, segundo Imogen Foulkes, abandonar a política da livre movimentação de pessoas poderá limitar o acesso da Suíça ao mercado único europeu, onde mais da metade de suas exportações são vendidas.

Fonte: BBC Brasil
Data original da publicação: 09/02/2014

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