Pobreza recorde: um em cada quatro dos brasileiros não consegue pagar contas e vive na pobreza

Duas pesquisas divulgadas nesta segunda-feira (8) apontam que um a cada quatro brasileiros vive em situação econômica muito ruim.

De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 25% da população não ganha o suficiente para arcar com suas contas mensais. Outros 44% pagam suas contas, mas não conseguem fazer nenhuma poupança.

Já o Boletim de Desigualdade das Metrópoles indica que 23,7% dos moradores das grandes cidades do país ou seu entorno vivem em situação de pobreza. O percentual é o maior já registrado na série histórica iniciada há dez anos, em 2012.

Ao todo, são mais de 19,8 milhões de pessoas vivendo nessa situação. Até 2015, pesquisas indicavam que eram menos de 15 milhões.

São considerados pobres pessoas com renda de até R$ 465 por mês. Já pessoas que sobrevivem com menos de R$ 160 por mês estão em situação de extrema pobreza.

O número de pessoas nessa condição também aumentou, segundo o boletim. São 5,3 milhões só nas regiões metropolitanas –6,3% da população.

O Boletim de Desigualdade das Metrópoles é produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Observatório das Metrópoles e Rede de Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). O documento usa dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dívida para pagar contas

Já a pesquisa da CNI foi realizada pelo Instituto FSB Pesquisa e ouviu 2.008 pessoas entre os dias últimos dias 23 e 26.

Segundo o levantamento, 64% dos entrevistados cortaram gastos desde o início do ano para tentar adequar seu orçamento. Já 5% dos ouvidos tiveram que recorrer a algum tipo de crédito (empréstimo, cheque especial ou cartão de crédito) para pagar contas.

Quando questionados sobre algumas situações específicas neste ano sobre o orçamento pessoal, 34% disseram que já atrasaram contas de luz ou água, 19% deixaram de pagar o plano de saúde e 16% tiveram de vender algum bem para quitar dívidas.

Ainda segundo a pesquisa, 40% dos entrevistados deixaram de comprar alguns tipos de alimento e 45% pararam de comer fora.

Auxílio Brasil

Pesquisadores envolvidos com o levantamento da CNI e com o Boletim de Desigualdade das Metrópoles apontam que o aumento temporário do Auxílio Brasil, cujos pagamentos de R$ 600 começam a ser feitos neste mês, deve aliviar a situação das famílias.

Uma parte dos mais de R$ 100 bilhões que o governo federal reservou para os benefícios deste ano, porém, vai acabar mesmo passando diretamente para a mão dos bancos.

Isso porque o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou na quarta-feira (3) a lei que autoriza de forma definitiva que instituições financeiras concedam empréstimos consignados vinculados ao benefício social. Já o ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, anunciou em suas redes sociais que não haverá qualquer limite de juros para esse novo tipo de crédito.

Ou seja, as instituições e financeiras poderão cobrar o que quiserem para antecipar pagamentos de benefícios concedidos, em tese, para garantir a mínima subsistência a cerca de 20 milhões de pessoas de baixa renda.

Fonte: Brasil de Fato
Data original da publicação: 08/08/2022

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