De acordo com o ministério do Interior, cerca de 120 mil pessoas manifestaram em todo o país. Além dos ferroviários, que já estão em greve desde o início do mês, participaram da passeata em Paris funcionários do setor hospitalar, dos Correios e estudantes, além de funcionários de algumas repartições públicas. A manifestação na capital reuniu pouco mais de 11 mil pessoas, segundo a polícia, 15 mil de acordo com uma contagem independente. Mais de 5 mil manifestantes foram às ruas em Marselha, 4 mil em Lyon, 4 mil em Rennes. Protestos menores foram registrados em Lille, Toulouse, Bordeaux, Strasbourg, Perpignan, Montpellier, Nice ou Saint-Etienne.
O protesto de Paris foi o que mais registrou confrontos. Por volta das 16h no horário local (11h em Brasília), manifestantes começaram a jogar objetos contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo. A fachada de um hotel foi vandalizada por pessoas encapuzadas. Várias vitrines de agências bancárias e empresas de seguro também foram atacadas.
Adesão à greve dos ferroviários aumenta
Além da passeata, a greve prossegue na SNCF, a empresa pública de transporte ferroviário. Segundo as últimas estatísticas, a adesão ao movimento tem aumentado, com 66,6% dos maquinistas paralisados nesta quinta-feira. Os grevistas são contra um projeto do presidente francês, que pretende abrir as ferrovias à concorrência e transformar a empresa em sociedade anônima.
Mesmo se o governo nega, os sindicatos defendem que essa medida abriria a porta para uma futura privatização do setor. Os empregados também protestam contra a supressão do estatuto especial dos funcionários públicos do sistema ferroviário no caso de novas contratações após essa reforma.
Mas o que era apenas uma mobilização dos funcionários da SNCF já está sendo chamada de “convergência de lutas”, com vários setores da sociedade se solidarizando. O movimento afetou funcionários da energia, algumas creches e escolas, além de transportes públicos em Nice e na região parisiense. Do lado das universidades, várias faculdades continuam bloqueadas por alunos, que contestam uma reforma do governo visando mudar os critérios de acesso ao ensino superior no país.
Radicalidade de Macron
Alguns sindicatos questionam a mobilização em massa, alegando que protestos por causas diferentes não funcionam. O presidente do grupo do governo no Congresso, Richard Ferrand, aproveitou a divergência sindical para declarar que as manifestações dessa quinta-feira têm como objetivo “criar confusão mobilizando várias profissões que não têm reivindicações precisas”.
Mas para o líder da oposição, Jean-Luc Mélenchon, “a radicalidade do comportamento de Macron provocou essa aproximação das diferentes categorias profissionais”.
Fonte: RFI
Data original da publicação: 19/04/2018