Resumo: |
Na agroindústria canavieira brasileira os cortadores de cana são remunerados por intermédio do pagamento por produção, forma específica de remuneração que atrela o salário dos mesmos à quantidade de cana cortada. Por intermédio do pagamento por produção as usinas conseguem impedir que os trabalhadores rurais adquiram o controle do seu processo de trabalho e do seu salário, selecionar somente os trabalhadores mais produtivos e assegurar o investimento dos cortadores de cana em seu trabalho. Com a divulgação de inúmeras mortes, mutilações e acidentes de trabalhadores rurais, o pagamento por produção passou a ser identificado por alguns pesquisadores como o principal responsável pelo trabalho excessivo e até mesmo pelas mortes precoces dos cortadores de cana. A presente tese tem como objetivo principal analisar a relação entre pagamento por produção, intensificação do trabalho e superexploração na agroindústria canavieira brasileira. Como conclusão geral, conseguimos comprovar que existe superexploração porque ao mesmo tempo em que os cortadores de cana estão tendo uma elevação no valor de sua força de trabalho, essa elevação não é acompanhada por um aumento proporcional dos salários, o que significa que esses trabalhadores estão sendo pagos por debaixo de seu valor. Toda a análise toma como base a pesquisa de campo realizada em duas usinas do estado de São Paulo e em Tavares (sertão paraibano) – município de origem de um dos grupos de cortadores de cana entrevistados – além de dados estatísticos sobre o piso salarial e sobre os salários dos cortadores de cana nas últimas décadas. |