A Conferência Internacional do Trabalho do Centenário, iniciada em 10/06 na sede da ONU em Genebra, com o chefe da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, convocou centenas de delegados de todo o mundo a “construir um futuro do trabalho com justiça social para todos”.
O diretor-geral da OIT disse que, com a possível adoção de uma declaração histórica voltada para o futuro, é hora de “dizer ao mundo que temos confiança, propósito comum, vontade e meios” para continuar a fazer da justiça social uma prioridade absoluta.
“Faremos isso porque o trabalho não é uma mercadoria. Nós o faremos, porque as condições de trabalho com injustiça, dificuldades e privações colocam em risco a paz do mundo”, disse ele aos mais de 5 mil delegados e dezenas de líderes mundiais presentes.
A 108ª Conferência Internacional do Trabalho, muitas vezes apelidada de “parlamento mundial” do movimento trabalhista, ocorre no ano do centenário da OIT.
“O desafio que define esta conferência é o fato de que o centenário da OIT coincide com o processo mais profundo e transformador já visto no mundo do trabalho”, disse Ryder.
“Não há nada nessas mudanças que questione a relevância do mandato da OIT ou diminua sua importância”, disse ele, acrescentando que, ao contrário, tais transformações aumentam a relevância da Organização.
Em uma reunião na sede da ONU em Nova Iorque em abril, o chefe das Nações Unidas, António Guterres, observou que a OIT tem desempenhado “um papel central na luta pelo progresso social” ao longo de sua história, como membro mais antigo do Sistema ONU.
Como a economia digital opera em um mundo sem fronteiras, ele enfatizou que “mais do que nunca”, as instituições internacionais em geral “devem desempenhar um papel vital na definição do futuro do trabalho que queremos”.
Ryder disse que uma declaração focada na justiça social para o futuro era necessária porque “a liberdade de associação e expressão é essencial para o progresso sustentado”.
“Faremos isso juntos porque a pobreza em qualquer lugar é um perigo para a prosperidade em todos os lugares”, acrescentou o chefe da OIT. “E faremos isso porque o fracasso de qualquer nação em adotar condições humanas de trabalho obstrui outras nações que desejam fazê-lo”.
Presidente da Assembleia Geral defende trabalho decente
A presidente da Assembleia Geral da ONU, Maria Fernanda Espinosa, também discursou na cerimônia de abertura da conferência em Genebra, citando as palavras do primeiro diretor-geral Albert Thomas, que descreveu a OIT como um “monumento à paz e à justiça social”.
Reconhecendo a relevância da OIT para o multilateralismo, ela reiterou a importância do trabalho decente para a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e para enfrentar desafios como trabalho infantil, trabalho forçado e escravidão contemporânea.
Ela acrescentou que o trabalho decente e a igualdade de gênero são passos cruciais para erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades dentro e entre os países.
Aproximadamente 2 bilhões de pessoas dependem da economia informal para sobreviver e 780 milhões de trabalhadores vivem na pobreza.
Segundo a OIT, em 2016, o mundo tinha 24,9 milhões de pessoas em situação de trabalho forçado. Desse total, 16 milhões foram exploradas no setor privado, em áreas como trabalho doméstico, construção ou agricultura. As mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas pelo trabalho forçado, de acordo com a Organização.
Fonte: ONU Brasil
Data original da publicação: 10/06/2019