O trabalho doméstico não remunerado no Brasil : uma análise a partir da PNAD Contínua 2019

Autora:Bruna Carolina Garcia
Orientador:Glaucia dos Santos Marcondes
Ano:2021
Tipo:Dissertação de Mestrado
Instituição:Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Demografia.
Repositório:Repositório da Produção Científica e Intelectual da UNICAMP
Resumo:O objetivo deste trabalho é refletir sobre a realização do trabalho doméstico não remunerado ao longo do curso de vida e do ciclo de vida doméstico-familiar na população brasileira de 14 anos e mais de idade. O trabalho adota uma abordagem quantitativa descritiva utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, para o ano de 2019. Foram construídas e analisadas as taxas de realização de afazeres domésticos e de cuidados e os tempos médio social, que considera todas as pessoas, incluindo os que declaram não realizar trabalho doméstico não remunerado; e o tempo médio participante, que considera apenas aqueles que declaram realizar afazeres domésticos e cuidados. Os resultados para os recortes etários apontam que os diferenciais por sexo no trabalho doméstico não remunerado estão presente desde o início da vida, com as mulheres assumindo as responsabilidades domésticas desde muito jovens. O período de maior pressão se dá na faixa dos 25 a 49 anos, fase de formação da união e nascimento dos filhos. Na idade avançada, observa-se que afazeres domésticos e, principalmente, cuidados são realizados por idosos para outros igualmente idosos até a idade, a partir dos 70 anos, em que passam a ser mais demandantes de cuidados. No que diz respeito aos arranjos doméstico-familiares, há uma grande pressão principalmente na presença de filhos na primeira infância, tanto em arranjos biparentais como monoparentais. Nota-se também que a presença de outros parentes tem comportamentos diferentes a depender da fase do ciclo de vida familiar em que ele se insere. Em arranjos mais iniciais e avançados no ciclo, a presença de outros parentes aumenta a demanda por cuidados, elevando o tempo médio gasto em afazeres e cuidados e também a Taxa de realização de cuidados. Por outro lado, em arranjos onde há presença de filhos na primeira infância ou idade escolar, a presença de outros parentes ameniza a pressão da demanda, diminuindo o tempo gasto e as taxas de realização de afazeres domésticos e de cuidados. Em arranjos onde há presença de filhos maiores de 14 anos, também parece haver uma tendência de maior compartilhamento do trabalho doméstico não remunerado.
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