Resumo: |
O intuito deste estudo na linha de pesquisa Trabalho e Educação é debater a importância das lutas sindicais para a educação dos trabalhadores que extrapola os limites das fronteiras escolares formais, reconhecendo que a formação humana não deve se reduzir unicamente aos conhecimentos técnicos e imediatos, mas que possa possibilitar a elevação da consciência de classe na disputa de uma alternativa operária para a sociedade. A pesquisa investiga as formas através das quais a classe trabalhadora, mediada pela ação sindical, contraditoriamente, se educa, no interior das relações de produção capitalista. A tradição marxista – que pressupõe salientar a ideia de formação da classe como sujeito histórico-coletivo – nos remete às obras de Marx, Engels, Lênin, Trotsky e Gramsci, na busca de contribuições teóricas que possibilitam compreender as mediações educativas subjacentes às práticas políticas do movimento operário ao longo da história do capitalismo, examinando seus nexos com a superação das relações sociais capitalistas, tendo como centro a categoria do sindicalismo. A pesquisa também permitiu elucidar e apreender alguns determinantes das categorias subjacentes à questão sindical, tais como alienação, ideologia, consciência de classe, organização, unidade, burocratização, aparelhamento, internacionalismo, independência, economicismo, traição, democracia, autoritarismo, autonomia, classismo, reformismo, frente, corporativismo, entre outras, como elementos com fortes implicações e desafios para a organização dos trabalhadores. Na introdução, são traçados o roteiro e critérios da pesquisa bibliográfica adotada. No primeiro capítulo, é feito um resgate sobre os sindicatos desde Marx e Engels, cujo centro é a relação do movimento sindical com o conjunto do movimento operário e socialista, principalmente da Europa, ambos em franca ascensão, e as várias formas organizativas que assumiram as práticas de resistência dos trabalhadores em suas lutas reivindicativas contra os efeitos da exploração capitalista no século XIX. Aqui são tratados o tema das associações sindicais ou sociedades de resistência; das glosas ao Manifesto Comunista; as primeiras uniões legais da classe trabalhadora; e o marxismo e os sindicatos depois do Manifesto Comunista. Depois passamos pelos sindicatos em Lênin, Trotsky e Gramsci. Com o capitalismo já em sua fase monopolista – que Lênin designou de “fase superior” – o imperialismo, os debates sobre a questão sindical giram em torno das possibilidades de combinar ou não, a luta econômica e sindical como parte fundamental da luta de classes. Como resultados finais, procuramos demonstrar a atualidade e a vigência das definições desses marxistas sobre os sindicatos. E, finalmente, podemos chegar a uma conclusão sobre o sentido do sindicalismo na tradição marxista a partir do panorama dos debates no interior do marxismo sobre os sindicatos e do entendimento de educação como inerente ao processo social da práxis sindical que promove aprendizagens, conhecimentos e construção de saberes. Assim, concluímos que a organização independente dos trabalhadores em sindicatos, na defesa dos seus interesses, mesmo imediatos, pode educar a classe sobre a necessidade de unir as lutas imediatas à luta política, dando um rumo estratégico a cada ação tática. Os sujeitos, desde a indignação com a realidade dada e a insurgência contra as injustiças e desigualdade social, às práticas de organização para denunciar a situação existente e pensar na possibilidade de nova sociabilidade, passam, então, a confiar em suas próprias forças, e as bandeiras erguidas ao longo das lutas travadas pelos sindicatos. E apesar dos limites e contradições, as lutas sindicais contribuem para que os sujeitos forjem a sua consciência de classe rumo ao socialismo. |