A Uber está lançando um aplicativo que conecta trabalhadores autônomos a empregadores num momento em que enfrenta dificuldades com sua atividade principal, o transporte de passageiros.
A Uber Works permitirá que pessoas que prestam serviços nos setores de limpeza, bares e depósitos sem vínculo empregatício comparem pagamentos e combinem trabalhos.
O aplicativo foi lançado em 4/10 e inicialmente só estará disponível em Chicago (EUA).
Ele vai competir com vários apps que já operam nos EUA, como o Wonolo, o Workpop e o Shiftgig.
O lançamento ocorre num momento em que vários países endurecem as regras para operações de aplicativos de transporte de passageiros. A Califórnia recentemente aprovou leis que abrem caminho para que trabalhadores de aplicativos se tornem empregados e ganhem direitos trabalhistas, o que deve aumentar os custos de empresas como a Uber.
A iniciativa também acontece num momento em que investidores se perguntam se o modelo de negócio da empresa é de fato rentável. Assim como várias companhias que valem bilhões e transformaram os setores em que atuam, como a Tesla e o Spotify, a Uber não dá lucro.
Há temores quanto à desaceleração da economia global e a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos no médio prazo.
As ações da Uber vêm perdendo valor desde que a empresa abriu seu capital, em maio, tendo encostado poucas vezes no preço que atingiram na ocasião da oferta inicial.
Os desafios que cruzaram o caminho da empresa foram vários, desde o aumento da concorrência e problemas com a regulamentação do aplicativo em diversos países até uma questão reputacional, com escândalos internos (denúncias de assédio sexual por funcionários, por exemplo) e o debate sobre a “uberização” do mercado de trabalho — a tendência global do aumento da participação de autônomos, com menor acesso a diretos trabalhistas.
Horas de trabalho e descanso
Ao anunciar o novo serviço num blog, a Uber disse que milhões de trabalhadores americanos usam agências de recrutamento. Ela diz que o processo agora poderá ser mais transparente e rápido tanto para os prestadores de serviço quanto para as empresas.
O app oferecerá informações sobre pagamento, local e condições de trabalho. Os usuários poderão monitorar horas de trabalho e de descanso, segundo a Uber. Os empregadores poderão acessar perfis de trabalhadores “verificados e qualificados”.
A Uber tentará fazer o aplicativo deslanchar em Chicago, onde a empresa já o testou no último ano, antes de introduzi-lo em outros mercados.
O crescimento das contratações informais é controverso. Alguns trabalhadores dizem gostar da flexibilidade que o esquema propicia, enquanto outros lidam com insegurança econômica e com a ausência de benefícios trabalhistas.
Em vários lugares do mundo, motoristas que trabalham para a Uber têm processado a companhia na Justiça para exigir benefícios como pagamento por férias e convênio médico.
Fonte: BBC News Brasil
Data original da publicação: 03/10/2019